Há mais de dois milênios, um grupo de filósofos dedicava-se em estudar e praticar o conceito de "ataraxia". Nos dias de hoje, o mesmo conceito continua presente nos muitos discursos sobre teorias de vida e vivência, mas o termo atual é "resiliência". Dentro das artes marciais, temos também uma profunda influência deste conceito como algo a ser conquistado, mas o termo que usamos é "Fudoshin".
Ataraxia/Resiliência/Fudoshin; três palavras que representam o mesmo conceito: passar pelas adversidades com serenidade absoluta.
Apesar do termo contemporâneo ser resiliência, vou usar Fudoshin por se tratar de um espaço de assuntos sobre artes marciais.
Pois bem, tenho meditado muito sobre Fudoshin nos últimos tempos. Compreendo a teoria do conceito e consigo reconhecer as dificuldades existentes no caminho de alcançá-lo, e muito antes de iniciar meu treinamento no Ninjutsu, livros de filosofia estoica já me advertiam sobre esse estado mental capaz de garantir uma conduta neutra para com os acontecimentos da vida. No entanto, inserir a teoria na mente não é suficiente para se criar uma mentalidade comportamental efetiva.
Passar pelas adversidades da vida com serenidade absoluta é um conceito extremamente complexo de ser posto em prática. Não por ser algo de difícil acesso, mas por haver no caminho entre o indivíduo e o conceito, um universo artificial profundamente influente em nossa existência, do qual inclusive, somos dependentes de tal forma, que seria correto afirmar que faz parte de nós.
Se eu tivesse que definir Fudoshin em uma única a palavra, diria que Fudoshin significa "natural" (shizen). E o que é natural do ser humano?
Eis aqui um ponto importante que esquecemos de valorizar, em alguns casos até mesmo de considerar; nós somos seres!
Se forem tomadas de você todas as suas coisas; suas roupas, seus equipamentos, seu trabalho... tudo, o que resta? Resta você. Resta o ser que você é. Resta o seu natural!
O conceito de Fudoshin é simples em si, o que o torna complexo é que temos tanta poluição material escravizado nossa atenção, que esquecemos de reconhecer nossa própria natureza.
O grande problema dessa questão é que como reflexo do nosso apego, surge em nós a ilusão de que as coisas que temos fazem parte do que somos, por isso, o apego nos impulsiona a acreditar de forma profunda que abrir mão do que é material representa sermos mutilados. Tudo aquilo que provamos e é afastado de nós, deixa no nosso íntimo uma sensação de perda. Essa sensação se faz extremamente poderosa quando contabilizamos a possibilidade de Fudoshin.
Mas o materialismo não é a única camada a ultrapassar. Ainda que consigamos atribuir às coisas apenas o título de ferramentas para uso sem nos apaixonarmos por elas, temos ainda o ego como um escudo super eficiente em nos impedir de encarar as adversidades com neutralidade.
Aqui talvez seja importante ressaltar o seguinte; a técnica é o caminho para a arte, mas o Fudoshin é um efeito possível, não legítimo. Ou seja, podemos praticar a arte sem que alcancemos o Fudoshin.
É muito comum que criemos a expectativa de que a arte por si só irá nos lapidar por completo e nos transformar. No entanto, é importante lembrar que o real aprimoramento deve atingir todas as partes do indivíduo. Senso assim, é interessante que adotemos comportamentos e práticas que possam complementar o que a arte tem à nos oferecer. Existem subliminares dentro da arte que servem para despertar em nós o interesse de fortalecer e refinar todas as partes que nos constitui. Por isso é importante que alimentemos nossa inteligência, reforcemos nosso corpo, adotamos práticas saudáveis... Tomemos atitudes que colaborem com nosso desenvolvimento sem esperar que a arte aja em nós como um milagre transformador. Para cada um de nós existem sutilezas que o genérico não pode determinar. Não existe determinismo na arte, tudo é flexível o suficiente para que o resultado seja exatamente do tamanho de nossa própria necessidade. Pense nisso: se dez pessoas seguirem uma mesma receita de bolo, no final teremos dez bolos iguais?
Se adotarmos uma postura que nos convença de que a arte será responsável por todas as mudanças, nosso ego irá se ajustar para que a arte se torne uma referência, mas isso não significa que haverá transformação, pois, o desapego será registrado pelo ego como abandono e não como conquista.
Para que possamos alcançar o Fudoshin, é necessário que entendamos nossa natureza. Nós somos criaturas dotadas de razão e essa é a característica mais marcante que nos diferencia dos outros animais da natureza; somos animais racionais. O ponto aqui não é reconhecer nossa razão, mas sim que somos animais. E como todo animal, é natural em nós a existência de impulsos e instintos que podem nos inspirar comportamentos que a sociedade não tolera. Por conta disso, estamos frequentemente controlando nossa natureza em nome do senso de sociabilidade que nos garante viver em comunidade. Mesmo assim, mesmo que sejamos sociáveis, nossos instintos e nossos impulsos ganham notoriedade através de nossas emoções e sentimentos. E é aí que nos afastamos do Fudoshin; quando transformamos nossas emoções e sentimentos em dínamos para nosso comportamento.
Temos exemplos disso o tempo todo. Basta que alguma emoção tenha combustível suficiente para que nos tornemos irracionais e nosso comportamento foge completamente do esperado. Quem nunca ficou "cego de raiva" ou fez alguma "idiotice" por amor?
O natural da espécie humana é que a razão serve para filtrar nossas emoções. Isso é o que garante nossa vida em sociedade e o ser humano é por natureza um ser comunitário.
A partir do momento que usamos a razão para filtrar nossas emoções, estamos agindo conforme nossa natureza e isso é Fudoshin.
Passar pelas adversidades da vida com serenidade absoluta significa ser capaz de compreender os acontecimentos como circunstâncias que estão fora do nosso controle e que sendo assim, não devemos nos abalar. Plutarco diz "Não devemos nos endurecer com os acontecimentos. Eles não se interessam por nossas cóleras." e é verdade, se você tropeça e uma pedra, conjurar inúmeras ofensas à pedra não significa absolutamente nada para a pedra. Você tropeçou por não se atentar ao caminho, a pedra não tem culpa de nada, afinal, ela estava ali desde antes de você passar. Logo, tudo que você diz, sente e pensa representa somente sua incapacidade de raciocinar as emoções que a situação lhe causou.
A complexidade do Fudoshin está no fato de nós nos acostumados a nos apoiar em símbolos que nos iludem diante da realidade dos acontecimentos. Maldizer uma pedra no caminho tem o mesmo efeito de mascar chiclete antes da prova, guardar sementes de romã na carteira, gritar com uma criança sapeca... Não serve de nada. A pedra não se importa com as ofensas, as questões da prova não se modificam por causa do chiclete, sementes não são imãs de dinheiro e o tom elevado da voz não educa. A grande verdade desse tipo de ação é que estamos apenas nos iludindo e abandonando nossa maior característica; a razão.
E se o ser humano é um ser racional, perder a razão significa abandonar nossa natureza e ao mesmo tempo afastar o Fudoshin.
Agora olhe ao redor, veja como vivemos em uma sociedade consumista apaixonada pelo bem material e que valoriza muito mais pessoas emocionais do que racionais. Veja como aqueles sem apego material são chamados de miseráveis e os mais racionais são vistos como pessoas frias como se a questão fosse deixar de ter ou deixar de sentir, quando na verdade significa ter sem depender e sentir sem enlouquecer. Veja também que essa mesma sociedade transformou o mundo em um cenário vergonhoso carente de mudanças profundas. Estamos vivendo em tempos onde o Fudoshin não é apenas um estado almejado, mas absolutamente necessário!
Nós, praticantes de artes marciais, se temos o privilégio de poder contar com uma "ferramenta" mental, física e psicológica extremamente eficiente em nos lapidar favorecendo a transcendência evidentemente necessária, o que significa não aproveitar essa possibilidade?
Para nós, o Fudoshin não deve ser apenas um desejo, deve ser uma meta. Faz parte do nosso treinamento despertar em nós os mecanismos para efetivar o Fudoshin e é seguro afirmar que temos a responsabilidade de exercitar esse conceito constantemente para que quando alcançarmos esse refinamento, sejamos aptos para expandir os reflexos de nossas condutas. Afinal, se a expansão ficar confinada ao indivíduo que se expandiu, ela não servirá de nada. Potencial não aproveitado é potencial perdido!
Mas como é que podemos praticar o conceito de Fudoshin?
Não é fácil!
Nós, quando pensamos sobre a vida em sociedade (algo que é raro para muitos) pensamos que fomos condicionados a viver sobre os parâmetros do social, mas na verdade, nós fomos literalmente adestrados para a vida em conjunto. Nós não fomos apenas preparados, nós fomos orientados sob a dinâmica de prendas e castigos limitados pelo o que é certo e o que é errado a partir de um sistema que vai contra nossa natureza e isso penetrou tão fundo em nossa personalidade que transmitimos os mesmos ensinamentos para nossos filhos. Eis a dificuldade; romper laços profundos inseridos em nosso íntimo.
Para praticar o Fudoshin precisamos primeiramente compreender que tudo aquilo que existe além de nós não nos pertence e se não nos pertence foge do nosso controle.
Compreendendo isso, entenderemos que tudo é passageiro e finito; as coisas irão quebrar, as pessoas vão morrer, você vai morrer.
Quando aceitarmos a efemeridade das coisas e da vida, seremos capazes de observar os acontecimentos como algo único e que merecem aproveitamento independente da polaridade; positivo ou negativo. Um acontecimento não é bom ou ruim em si, sou eu que determino seu valor quando faço da minha interpretação uma referência ao que ele significa.
Por último, e talvez até por efeito colateral passível, seremos naturalmente levados ao estado de filtragem de nossas emoções pela razão e compreendermos que o mais importante não é o que nos acontece, mas sim o que acontece em nós quando experimentamos as repercussões de um acontecimento. E isso nos permitirá reconhecer por fim o único controle que realmente possuímos; sobre como reagimos intimamente diante do que nos toca.
Você não é aquilo que os outros veem ao seu redor, mas o que você sente por dentro!
Fudoshin é ser natural, afaste a poluição e seja genuinamente o que você é sem se deixar abalar por aquilo que não cabe nas suas mãos.
Eu acho que é isso..., mas vou pensar mais sobre o assunto.
Ataraxia/Resiliência/Fudoshin; três palavras que representam o mesmo conceito: passar pelas adversidades com serenidade absoluta.
Apesar do termo contemporâneo ser resiliência, vou usar Fudoshin por se tratar de um espaço de assuntos sobre artes marciais.
Pois bem, tenho meditado muito sobre Fudoshin nos últimos tempos. Compreendo a teoria do conceito e consigo reconhecer as dificuldades existentes no caminho de alcançá-lo, e muito antes de iniciar meu treinamento no Ninjutsu, livros de filosofia estoica já me advertiam sobre esse estado mental capaz de garantir uma conduta neutra para com os acontecimentos da vida. No entanto, inserir a teoria na mente não é suficiente para se criar uma mentalidade comportamental efetiva.
Passar pelas adversidades da vida com serenidade absoluta é um conceito extremamente complexo de ser posto em prática. Não por ser algo de difícil acesso, mas por haver no caminho entre o indivíduo e o conceito, um universo artificial profundamente influente em nossa existência, do qual inclusive, somos dependentes de tal forma, que seria correto afirmar que faz parte de nós.
Se eu tivesse que definir Fudoshin em uma única a palavra, diria que Fudoshin significa "natural" (shizen). E o que é natural do ser humano?
Eis aqui um ponto importante que esquecemos de valorizar, em alguns casos até mesmo de considerar; nós somos seres!
Se forem tomadas de você todas as suas coisas; suas roupas, seus equipamentos, seu trabalho... tudo, o que resta? Resta você. Resta o ser que você é. Resta o seu natural!
O conceito de Fudoshin é simples em si, o que o torna complexo é que temos tanta poluição material escravizado nossa atenção, que esquecemos de reconhecer nossa própria natureza.
O grande problema dessa questão é que como reflexo do nosso apego, surge em nós a ilusão de que as coisas que temos fazem parte do que somos, por isso, o apego nos impulsiona a acreditar de forma profunda que abrir mão do que é material representa sermos mutilados. Tudo aquilo que provamos e é afastado de nós, deixa no nosso íntimo uma sensação de perda. Essa sensação se faz extremamente poderosa quando contabilizamos a possibilidade de Fudoshin.
Mas o materialismo não é a única camada a ultrapassar. Ainda que consigamos atribuir às coisas apenas o título de ferramentas para uso sem nos apaixonarmos por elas, temos ainda o ego como um escudo super eficiente em nos impedir de encarar as adversidades com neutralidade.
Aqui talvez seja importante ressaltar o seguinte; a técnica é o caminho para a arte, mas o Fudoshin é um efeito possível, não legítimo. Ou seja, podemos praticar a arte sem que alcancemos o Fudoshin.
É muito comum que criemos a expectativa de que a arte por si só irá nos lapidar por completo e nos transformar. No entanto, é importante lembrar que o real aprimoramento deve atingir todas as partes do indivíduo. Senso assim, é interessante que adotemos comportamentos e práticas que possam complementar o que a arte tem à nos oferecer. Existem subliminares dentro da arte que servem para despertar em nós o interesse de fortalecer e refinar todas as partes que nos constitui. Por isso é importante que alimentemos nossa inteligência, reforcemos nosso corpo, adotamos práticas saudáveis... Tomemos atitudes que colaborem com nosso desenvolvimento sem esperar que a arte aja em nós como um milagre transformador. Para cada um de nós existem sutilezas que o genérico não pode determinar. Não existe determinismo na arte, tudo é flexível o suficiente para que o resultado seja exatamente do tamanho de nossa própria necessidade. Pense nisso: se dez pessoas seguirem uma mesma receita de bolo, no final teremos dez bolos iguais?
Se adotarmos uma postura que nos convença de que a arte será responsável por todas as mudanças, nosso ego irá se ajustar para que a arte se torne uma referência, mas isso não significa que haverá transformação, pois, o desapego será registrado pelo ego como abandono e não como conquista.
Para que possamos alcançar o Fudoshin, é necessário que entendamos nossa natureza. Nós somos criaturas dotadas de razão e essa é a característica mais marcante que nos diferencia dos outros animais da natureza; somos animais racionais. O ponto aqui não é reconhecer nossa razão, mas sim que somos animais. E como todo animal, é natural em nós a existência de impulsos e instintos que podem nos inspirar comportamentos que a sociedade não tolera. Por conta disso, estamos frequentemente controlando nossa natureza em nome do senso de sociabilidade que nos garante viver em comunidade. Mesmo assim, mesmo que sejamos sociáveis, nossos instintos e nossos impulsos ganham notoriedade através de nossas emoções e sentimentos. E é aí que nos afastamos do Fudoshin; quando transformamos nossas emoções e sentimentos em dínamos para nosso comportamento.
Temos exemplos disso o tempo todo. Basta que alguma emoção tenha combustível suficiente para que nos tornemos irracionais e nosso comportamento foge completamente do esperado. Quem nunca ficou "cego de raiva" ou fez alguma "idiotice" por amor?
O natural da espécie humana é que a razão serve para filtrar nossas emoções. Isso é o que garante nossa vida em sociedade e o ser humano é por natureza um ser comunitário.
A partir do momento que usamos a razão para filtrar nossas emoções, estamos agindo conforme nossa natureza e isso é Fudoshin.
Passar pelas adversidades da vida com serenidade absoluta significa ser capaz de compreender os acontecimentos como circunstâncias que estão fora do nosso controle e que sendo assim, não devemos nos abalar. Plutarco diz "Não devemos nos endurecer com os acontecimentos. Eles não se interessam por nossas cóleras." e é verdade, se você tropeça e uma pedra, conjurar inúmeras ofensas à pedra não significa absolutamente nada para a pedra. Você tropeçou por não se atentar ao caminho, a pedra não tem culpa de nada, afinal, ela estava ali desde antes de você passar. Logo, tudo que você diz, sente e pensa representa somente sua incapacidade de raciocinar as emoções que a situação lhe causou.
A complexidade do Fudoshin está no fato de nós nos acostumados a nos apoiar em símbolos que nos iludem diante da realidade dos acontecimentos. Maldizer uma pedra no caminho tem o mesmo efeito de mascar chiclete antes da prova, guardar sementes de romã na carteira, gritar com uma criança sapeca... Não serve de nada. A pedra não se importa com as ofensas, as questões da prova não se modificam por causa do chiclete, sementes não são imãs de dinheiro e o tom elevado da voz não educa. A grande verdade desse tipo de ação é que estamos apenas nos iludindo e abandonando nossa maior característica; a razão.
E se o ser humano é um ser racional, perder a razão significa abandonar nossa natureza e ao mesmo tempo afastar o Fudoshin.
Agora olhe ao redor, veja como vivemos em uma sociedade consumista apaixonada pelo bem material e que valoriza muito mais pessoas emocionais do que racionais. Veja como aqueles sem apego material são chamados de miseráveis e os mais racionais são vistos como pessoas frias como se a questão fosse deixar de ter ou deixar de sentir, quando na verdade significa ter sem depender e sentir sem enlouquecer. Veja também que essa mesma sociedade transformou o mundo em um cenário vergonhoso carente de mudanças profundas. Estamos vivendo em tempos onde o Fudoshin não é apenas um estado almejado, mas absolutamente necessário!
Nós, praticantes de artes marciais, se temos o privilégio de poder contar com uma "ferramenta" mental, física e psicológica extremamente eficiente em nos lapidar favorecendo a transcendência evidentemente necessária, o que significa não aproveitar essa possibilidade?
Para nós, o Fudoshin não deve ser apenas um desejo, deve ser uma meta. Faz parte do nosso treinamento despertar em nós os mecanismos para efetivar o Fudoshin e é seguro afirmar que temos a responsabilidade de exercitar esse conceito constantemente para que quando alcançarmos esse refinamento, sejamos aptos para expandir os reflexos de nossas condutas. Afinal, se a expansão ficar confinada ao indivíduo que se expandiu, ela não servirá de nada. Potencial não aproveitado é potencial perdido!
Mas como é que podemos praticar o conceito de Fudoshin?
Não é fácil!
Nós, quando pensamos sobre a vida em sociedade (algo que é raro para muitos) pensamos que fomos condicionados a viver sobre os parâmetros do social, mas na verdade, nós fomos literalmente adestrados para a vida em conjunto. Nós não fomos apenas preparados, nós fomos orientados sob a dinâmica de prendas e castigos limitados pelo o que é certo e o que é errado a partir de um sistema que vai contra nossa natureza e isso penetrou tão fundo em nossa personalidade que transmitimos os mesmos ensinamentos para nossos filhos. Eis a dificuldade; romper laços profundos inseridos em nosso íntimo.
Para praticar o Fudoshin precisamos primeiramente compreender que tudo aquilo que existe além de nós não nos pertence e se não nos pertence foge do nosso controle.
Compreendendo isso, entenderemos que tudo é passageiro e finito; as coisas irão quebrar, as pessoas vão morrer, você vai morrer.
Quando aceitarmos a efemeridade das coisas e da vida, seremos capazes de observar os acontecimentos como algo único e que merecem aproveitamento independente da polaridade; positivo ou negativo. Um acontecimento não é bom ou ruim em si, sou eu que determino seu valor quando faço da minha interpretação uma referência ao que ele significa.
Por último, e talvez até por efeito colateral passível, seremos naturalmente levados ao estado de filtragem de nossas emoções pela razão e compreendermos que o mais importante não é o que nos acontece, mas sim o que acontece em nós quando experimentamos as repercussões de um acontecimento. E isso nos permitirá reconhecer por fim o único controle que realmente possuímos; sobre como reagimos intimamente diante do que nos toca.
Você não é aquilo que os outros veem ao seu redor, mas o que você sente por dentro!
Fudoshin é ser natural, afaste a poluição e seja genuinamente o que você é sem se deixar abalar por aquilo que não cabe nas suas mãos.
Eu acho que é isso..., mas vou pensar mais sobre o assunto.
Essa frase "Você não é aquilo que os outros veem ao seu redor, mas o que você sente por dentro! " nunca fez tão sentido quanto agora. As vezes é mais confortável não querer enxergar quem somos mas ao mesmo tempo o maior desperdício da vida. Tem que ter coragem pra viver e aceitar o que sentimos e para muitos é uma batalha eterna.
ResponderExcluirMas penso que uma vez que começamos a enxergar e aceitar esse sentimento real de quem somos o percurso toma outro rumo. E trabalhar isso na evolução diária é o desafio. Muitas situações acontecem nesse processo e acho que as vezes rola alguns "desequilíbrios" para "reequilibrar" e enxergarmos o que foi se perdendo com o tempo e que talvez seja pra mostrar a essência real de cada vida.
É algo que infelizmente acontece o tempo todo; ninguém é educado e orientado a reconhecer sua própria personalidade e identidade. Desde crianças somos condicionados a obedecer e imitar. Quando crescemos, mantemos esse tipo de limitação ao considerar que devemos ser aceitos por uma sociedade repleta de mesmice que insiste em enaltecer ciclos repetitivos mesmo quando nenhum desenvolvimento surge desse tipo de conduta. Aqueles que por ventura escapam desse cenário cansativo e improdutivo, muitas vezes sentem-se frustrados pelo apontamento alheio sempre cheio de julgamentos e muitos acabam retornando para o rebanho de ovelhas míopes. Se cada um de nós fosse capaz de reconhecer o que é e assim fizesse valer sua própria identidade, o desenvolvimento surgiria naturalmente pelo atrito das diferenças. É preciso muito fudoshin para suportar a resistência que a sociedade oferece a quem não se limita aos estereótipos, a quem não se orienta por respostas prontas e principalmente, a quem é capaz de encarar as adversidades que surgirem com uma postura neutra ao compreender que o mundo é do indivíduo para fora. Do indivíduo para dentro o que existe para o mundo é mistério. Cabe a cada um saber de si, mesmo que ninguém mais consiga saber.
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