Nota:
Este teorema tem como único objetivo compartilhar um entendimento que sequer pode ser considerado conclusivo. Serão publicadas três partes seguindo uma linha de complexidade que visa transformar um tema difícil em um discurso de fácil entendimento. Em nenhuma circunstâncias é do meu interesse ditar normas ou ensinar alguma coisa, tudo aqui serve apenas para nos permitir debater e fazer perguntas melhores. Essa é a minha visão e a sua será muito bem vinda se quiser expor. Por fim, saiba que sou responsável pelo que está escrito, não pelo que você irá interpretar.
Primeira parte - a parte fácil.
No início de tudo não havia unidade, tudo era o todo e o todo estava em tudo.
O surgimento da unidade transformou tudo que havia, causando o conflito eterno resultante do afastamento entre o ser e o todo.
Fim da primeira parte
Segunda parte - a parte chata.
Existem três características marcantes que devem ser trabalhadas até que sejam influenciáveis com o mínimo de efeito possível. São características que em virtude do atrito de personalidades aos quais estamos constantemente participando, são tão comuns à nossa rotina que somente em casos de muita evidência se tornam perceptíveis. São elas: hipocrisia, oportunismo e inveja.
Nessa segunda parte, essas três características serão a base de toda a argumentação, oferecendo então um tanto mais de percepção sobre as influências, mesmo que cause certo desconforto, já que o discurso que escancara tais efeitos nos causam inúmeras contrariedades, mas é exatamente por isso que se faz necessário falar sobre tais pontos, afinal, que parte de você irá tentar confrontar a interpretação do que irá se seguir? O ego.
Antes de começar, preciso fazer um adendo pertinente. Neste teorema, tais características não estão relacionadas ao discurso, ou seja, não se trata da fala hipócrita, oportunista ou invejosa, mas sim do comportamento hipócrita, oportunista e invejoso. Existe muita diferença entre o discurso e o comportamento, mas essa diferenciação não cabe ao momento, o que realmente vale ser mencionado é que o discurso é um artifício que somente empenha significado se for absorvido. Sendo assim, o discurso hipócrita, oportunista e invejoso nos serve como referência fundamental para amenizar os efeitos do ego, pois se os absorvemos é por sermos apaixonados demais pela informação que eles carregam e não pelo significado que eles transmitem. Quando você sofre as consequências de um desses discursos, trata-se do seu ego te permitindo vitimismo, uma vez que bastaria haver clareza em sua interpretação para tudo o que foi dito permanecesse apenas como barulho e não como informação significativa.
Da mesma forma que um discurso hipócrita é articulado pelo ego, é o ego que o ouve e o faz significar. Logo, se você fala com hipocrisia, é necessário trabalhar seu ego, e, se você absorve hipocrisia, também é necessário trabalhar seu ego.
Vamos criar aqui uma generalização determinado apenas três tipos de pessoas: as que não são capazes de reconhecer as influências negativas do ego; as que são capazes de reconhecer o ego lhes corrompendo; e as que transcenderam. Qual dessas três pessoas é você?
Pare um pouco a leitura, reflita sobre si mesmo e aí dentro do seu particular, responda honestamente essa pergunta.
Bem, se você já leu a primeira parte deste teorema e está aqui lendo a segunda, podemos considerar que existe em você o interesse de ponderar sobre o tema, logo, isso te excluí de ser a primeira pessoa. Afinal, você não enfrentaria essa longa e tediosa leitura se não houvesse interesse.
Se você foi capaz de responder honestamente à pergunta, você provavelmente deve ser a terceira pessoa.
Mas eu sou capaz de garantir que você é a segunda pessoa. E como eu sei disso? Simples, ficou fácil excluir a primeira pessoa, certo? E se você é a terceira pessoa, sabe que mesmo ao transcender é necessário o exercício constante e diário de alto avaliação para não ser dominado pelo ego, logo, ou você não está aqui lendo, ou você é a segunda pessoa.
E já que você é capaz de reconhecer a influência em seu comportamento, o mais importante agora é que você seja capaz de compreender os mecanismos do ego.
Veja, desde o início do seu desenvolvimento lá na infância, o ego está acompanhando cada segundo da sua vida. Ele sabe tudo de você, conhece cada detalhe, cada motivação, cada medo, receio, preconceito, interesse... O ego sabe tudo de você, pois o ego é você. É essa voz que narra seus pensamentos, que valida suas opiniões, que te inspira argumentos e que torna consciente todos os "dados criptografados" que a realidade te insere. Sendo assim, (eis a pergunta de ouro) como é possível separar o que é ego e o que não é?
A resposta é terrivelmente simples, mas você não seria capaz de entendê-la caso não saiba respondê-la por si mesmo de imediato. E tudo bem se for o caso, ela estará na parte três da forma como eu compreendo, talvez te sirva de alguma coisa.
Por hora, é importante que você saiba reconhecer quais vertentes do ego estão ativas na sua vida. E a dica é: se ao ler o que se segue sua interpretação te excluir do cenário, acredite, é ali que você deve se empenhar.
· O comportamento hipócrita.
Assim como a preguiça, a hipocrisia não nos surge silenciosamente. Nós temos plena consciência quando agimos com hipocrisia, pois trata-se de uma tentativa de distorção com o único objetivo de desviar o sentido de uma verdade. A hipocrisia está muito próxima da mentira e da falsidade, mas o que a faz única são os mecanismos envolvidos em sua atuação. Um comportamento hipócrita não visa enganar ou iludir, o objetivo é gerar uma reação emocional desequilibrada para que ao invés de fazer crer em algo irreal, possibilite cogitar alternativas inexistentes, mas passíveis de ocorrer. O comportamento hipócrita tende à manipulação mais medíocre que existe, pois os conflitos gerados se iniciam no que se assiste e não no que se imagina. Ou seja, você vê e/ou projeta uma ilusão elaborada conscientemente, propositadamente e isso é patético. A hipocrisia é uma postura patética!
Pense sobre isso, você sabe a verdade, sabe as consequências da verdade, mas ao considerar as possibilidades da ilusão, decide manipular quem quer que seja para que este se dedique a interpretar uma mentira e você faz isso por escolha, com planejamento. Você usa gestos e olhares, palavras e sentidos, dá exemplos, justifica, aponta e determina, tudo sabendo que está mentindo. E o que é pior, toda essa covardia serve apenas para te garantir algum benefício que você sequer merece, por isso é patético. Merecimento é uma oferta, não uma escolha!
Um exemplo simples de comportamento hipócrita: fingir estar ofendido.
Todos nós somos dotados do senso de responsabilidade, mesmo que para alguns a influência da responsabilidade seja menor, a questão é que todos nós nos sentimos responsáveis pelo o que fazemos e temos consciência dos efeitos. Esse sentido é ativado no seu íntimo todas as vezes que você comete algo errado ou que incomode, como por exemplo, ofender alguém. Quando uma ofensa surge de você, seu senso de responsabilidade te obriga a considerar a situação e mesmo que nenhuma ação para remediar seja tomada, dentro de você todas as soluções estão disponíveis.
Pois bem, quando você adota um comportamento hipócrita fingido estar ofendido, você está causando a ativação desse senso em outra pessoa. Você está fazendo uso de uma noção que você é capaz de reconhecer em si mesmo, de modo inverso para gerar no outro uma sensação que você conhece e sabe que irá funcionar. Mesmo que você não se sinta ofendido, você se comporta como se estivesse e praticamente exige retratação usando um simples baixar de cabeça, um simples olhar, um simples silêncio... Você não se ofendeu, mas faz parecer que há uma rachadura no seu espírito. Você gera no outro uma sensação real através de uma demonstração irreal arquitetada exclusivamente para transportar uma falsidade. Ao manipular o outro de tal forma, você que se faz vítima de ofensa, passa a ser ofensivo, mas protegido pela ilusão vitimista que o seu ego te permite.
Você é capaz de racionalizar o quanto isso é injusto?
Se sim, ótimo, pois a única coisa que te falta então é a decisão de sempre que te surgir essa iniciativa manipuladora, parar e ponderar. Você só precisa ter a coragem e a vontade de não se render aos estímulos do ego que te fariam se comportar com hipocrisia. E não se engane, é muito mais difícil do que parece, mas lembre-se; tudo que se lamenta pode ser revertido.
Se no começo você não for capaz de evitar e mesmo ao reconhecer a hipocrisia se deixar levar, tenha a disposição de se retratar. Posso garantir que depois de um tempo e alguma vergonha, você irá se sentir muito melhor sendo alguém mais justo. E detalhe: não tenha medo da vergonha, você só sente vergonha se for capaz de reconhecer seus erros e isso não te faz menor, pelo contrário, te faz melhor.
Outros exemplos simples de comportamento hipócrita:
Ele sente exatamente a mesma coisa que você sente quando recebe o troco errado no supermercado e não diz nada: "não é culpa minha se a oportunidade me favorece".
Nosso ego nos convence de que estando em posição de benefício, aproveitar é uma conduta natural, como se o sucesso fosse o prêmio de uma batalha que travamos uns contra os outros e que permite esse tipo de estratégia. É como se um veneno fosse inserido em nossos sentidos distorcendo todos os princípios e valores importantes da coexistência. E independente da extensão e dos danos gerados por esse oportunismo, sempre surgirão justificativas afáveis nos livrando da responsabilidade. De onde você acha que surgem essas justificativas?
Se não houvesse corrupção no Brasil nós teríamos um padrão de vida tão extraordinário que em nenhum outro lugar do mundo se viveria tão bem. E não se engane, você que vai embora com o troco errado, em um cargo público seria tão corrupto quanto esses que te impedem de viver melhor.
Quer vencer o oportunismo?
Tenha consciência de que todo ganho indevido gera perda. O troco errado não será perdoado no fechamento do caixa. Faça valer sua capacidade de avaliação e tenha em mente que mesmo em um sistema tão desigual quanto esse que nos rege, toda ação gera uma reação e você em algum momento poderá sofrer consequências desagradáveis por se deixar levar pelo oportunismo, pois tudo que se mantém com bases medíocres, tende a ruir. Não existe vitimismo no mundo que te salve da repercussão de uma escolha oportunista.
· O comportamento invejoso.
Logo de cara, vamos esclarecer a confusão sobre o significado da inveja: inveja não é desejar ter o que é de outro, inveja é se sentir atingido negativamente pelo fato de que o outro tem. A inveja é a impossibilidade do Eu de admirar e ser feliz, é uma admiração mentirosa que pela incapacidade de se alegrar com o sucesso alheio, se incomoda até doer. A inveja é a frustração pela felicidade do outro.
Dito isso, considere a inveja como um nível de cegueira, o invejoso não vê a si mesmo, vê apenas o outro e através do outro assiste o sucesso alheio como algo que lhe diminui. E então me diga; você é invejoso? Você conhece alguém invejoso? Você alguma vez encontrou alguém que se declarasse invejoso? E por fim, você já foi vítima da inveja?
A inveja é a porta da hipocrisia e do oportunismo, pois a grande característica da inveja é que ela acentua a minha fraqueza a tal ponto que minha força se torna esquecida.
Mas a inveja não nos causa orgulho, ninguém bate no peito assumindo ser invejoso e esperando reconhecimento positivo. O ego é pai da inveja, mas um pai envergonhado!
Não existe a tentativa de transformar esse teorema em conteúdo de estudo, mas desde o momento em que você começa a ler, sua interpretação leva para sua mente um tipo de conteúdo que pode te servir como base para pontos de vista diferentes. A grande ideia aqui é oferecer uma perspectiva que te faça notar as influências do ego em comportamentos simples que quase sempre passam sem muita atenção. Você não vai mudar o ego, não vai domá-lo com meditação, homeopatia ou terapia de grupo, você só pode aprender a identificar as influências através do seu comportamento e então trabalhar as mudanças que irão te transformar.
O ego é você, então é preciso que você mude e mesmo que essa transformação tenha de ir fundo no seu íntimo, é muito mais fácil começar por onde se pode extrair o feedback da mudança. Já que o mundo é de você para fora, comece de fora e leve para dentro o que lá dentro deve ser modificado.
Fim da segunda parte.
Este teorema tem como único objetivo compartilhar um entendimento que sequer pode ser considerado conclusivo. Serão publicadas três partes seguindo uma linha de complexidade que visa transformar um tema difícil em um discurso de fácil entendimento. Em nenhuma circunstâncias é do meu interesse ditar normas ou ensinar alguma coisa, tudo aqui serve apenas para nos permitir debater e fazer perguntas melhores. Essa é a minha visão e a sua será muito bem vinda se quiser expor. Por fim, saiba que sou responsável pelo que está escrito, não pelo que você irá interpretar.
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"O ego é uma identidade de nossa própria construção, uma identidade que é falsa" Imagem da internet. |
Primeira parte - a parte fácil.
No início de tudo não havia unidade, tudo era o todo e o todo estava em tudo.
O surgimento da unidade transformou tudo que havia, causando o conflito eterno resultante do afastamento entre o ser e o todo.
Hoje a unidade nos surge como uma consequência inevitável de uma natureza que só produz itens únicos. Tudo é único, nada é idêntico por mais semelhante que pareça ser. Cada um é um e quando não é, como no caso de gêmeos, mesmo uma genética absolutamente idêntica irá gerar indivíduos ímpares no decorrer de suas vidas.
Nós, seres humanos, somos bilhões de unidades distintas de uma mesma série de criaturas que coexistem umas com as outras através de um sistema chamado sociedade. Esse sistema, criado e mantido por nós mesmos, é o que define o quanto de influência podemos deixar fluir desde nossa natureza individual até meio social. A sociabilidade é a cartilha educacional do indivíduo que faz parte do todo enquanto é único.
No entanto, o afastamento gerado pela identificação da unidade para além do todo, nos fez distantes da harmonia universal que coordena tudo que existe de forma autônoma e equilibrada através de leis fundamentais como a física, o tempo, a gravidade, a causa e o efeito, o caos e a ordem... Ainda que estejamos sujeitos as influências dessas grandezas, os limites e as determinações do sistema universal já não nos controla simplesmente. Ao nos identificarmos como seres independentes da organização geral por conta de nossa capacidade racional, deixamos de ser dependentes de um sistema que visa o equilíbrio acima de qualquer vontade. A vontade é uma característica humana, na natureza o que existe é instinto!
Nós que somos seres dotados de razão, entendemos que tal capacidade nos torna superiores a todos os outros sistemas de vida ao redor. Religiões, filosofias e doutrinas nos colocaram em um patamar de prestígio como se fossemos o produto de um interesse especial de forças celestiais e divinas. Somos a última criação de Deus, feitos a sua semelhança. Mesmo sabendo que fomos nós que criamos o discurso que nos enaltece, seguimos com a vida acreditando que o eco das determinações do passado são como o lembrete de que somos especiais.
Em nome desse fantástico embasamento, muito do que poderia nos fornecer respostas válidas sobre o que somos, se perdeu por sermos incapazes de considerar a razão como uma simples característica da espécie, da mesma forma que toda e qualquer outra espécie possui características únicas. Isso nos fez e faz desprezar quase que em totalidade todo e qualquer tipo de resultado negativo para com o meio que produzimos em nome do nosso progresso.
O ser humano está dia após dia destruindo o mundo em que vive por ser extremamente apaixonado por si mesmo e absolutamente incapaz de compreender que suas ações são profundamente egoístas.
O homem é o câncer do mundo!
Essa verdade, ainda que represente sentido para nós, não nos é suficiente para qualquer tipo de transformação realmente válida. Mesmo que nos seja facilmente perceptivo o modo como vamos avançando contra a natureza consumindo seus recursos e destruindo tudo pelo caminho até que não sobre mais nada, somos incapazes de assumir que somos os mercadores da devastação, que somos totalmente irresponsáveis e que nenhum progresso jamais poderá justificar de fato tudo o que destruímos e iremos destruir.
Todos os processos evolutivos e de transformação que nos trouxeram até aqui, criaram em nós uma ferramenta extremamente eficaz em nos fazer cegos para com os efeitos da nossa absoluta falta de preservação; uma personalidade apaixonada pelo sucesso do sujeito em que vive.
Durante séculos o homem tenta decifrar sua própria existência e comportamento, assumindo assim que apesar da nossa insistente alto-valorização, se deixarmos de nos considerar meros animais com a razão como característica de espécie, não sabemos ainda qual é o nosso papel no espetáculo que é a vida. Mas existe aí, em meio a toda essa tentativa de definição de si mesmo, uma informação importante que é desprezada por sermos constituídos de uma personalidade apaixonada; toda tentativa de definir o homem tem o próprio homem como ponto de partida. E isso implica que apesar do interesse em saber, existem barreiras naturais criadas pela valorização e instinto de preservação de si mesmo. Esse amor disfarçado e reforçado por doutrinas de super apreciação nos impede de considerar que somos algo mais simples e menos interessante do que talvez sejamos. O homem jamais irá considerar que é o resultado de uma série de circunstâncias pouco agradáveis, pois isso lhe tiraria o mérito belíssimo ao qual ele já está acostumado. Se você quiser ler sobre uma teoria que foge dos cenários maravilhosos e cheios de fantasia sobre a origem humana, clique AQUI.
Pois bem, o ser humano sente satisfação em se colocar em um patamar de prestígio por ter uma mente racional, mas sejamos francos; não é bem assim. Nós não somos tão racionais quanto julgamos ser e isso é facilmente comprovado ao se observar o comportamento da espécie. Veja, nesse ponto da existência humana, depois de todas as revoluções e transformações que causamos ao mundo, ainda estamos poluindo as águas e o ar, ainda estamos queimando árvores, levando animais à extinção... Nós mentimos, sentimos inveja, criamos teorias até mesmo contra as vacinas... Nós produzimos e nos divertimos com conteúdos inúteis todos os dias, coisas absolutamente banais e ridículas fazem parte do nosso dia a dia sem nos causar qualquer tipo de espanto. Bem, isso não é comportamento de um ser racional. Mas existe uma característica ainda pior, algo que demonstra que independente de toda evolução, nós ainda somos animais, e um tipo de animal terrível: nós matamos.
E não se engane, a violência faz parte da natureza humana e nós apenas tentamos disfarçar isso. Se você parar para olhar o mundo, verá que desde sempre, não importa o momento da história humana, nós estamos sempre demonstrando nossa violência em guerras, conflitos, genocídios, homicídios, agressões... Nós criamos modalidades esportivas onde pessoas se agridem por dinheiro. Pense nisso; nós consideramos esporte, vibramos, torcemos e nos distraímos com lutas físicas cheias de agressividade entre pessoas que se espancam apenas para ganhar dinheiro, é absurdo! E novamente é nossa personalidade apaixonada que nos faz colocar essa verdade sob panos quentes cheios de mentiras mais confortáveis e agradáveis. E isso não é algo só de você ou de mim, isso é nosso, de toda espécie.
Nós somos escravos de uma série de instintos que tentamos suprimir para continuarmos a viver em sociedade. O nosso grandioso troféu que é a razão, faz de tudo para que deixemos a angústia de nossa pequenez afastada da nossa avaliação pessoal, mas ainda assim, quando sozinhos e contemplativos, o pensamento de insignificância nos surge causando uma série de contestações que nos fazem duvidar sobre o que somos e sobre nosso papel em tudo isso. Quando tais pensamentos te surgem, de onde você extrai os argumentos contrários que te fazem deixar de duvidar sobre si mesmo? De onde vem o discurso enfático que rapidamente te subtrai as dúvidas e te enche de certezas sobre sua própria grandiosidade?
A sua personalidade apaixonada é um produto, um resultado estabelecido por um emaranhado de transformações e repercussões que sempre teve como objetivo principal a sua alto preservação. Você precisa estar bem o tempo todo e para isso é necessário que você não apenas se identifique, mas que se sinta necessário. E acredite, todos nós passamos pelos mesmos processos deterministas para o desenvolvimento dessa personalidade.
Ao nascer, somos caos!
Mas distante dos detalhes visíveis que sempre nos encanta ao olhar um bebê, somos uma confusão absoluta de instintos e emoções virgens que reagem de forma desordenada com o meio. Toda essa confusão vai aos poucos se organizando em nosso íntimo de forma absolutamente independente da vontade; é necessidade, é efeito natural de seres que se adaptam.
Através daqueles que nos cuidam, começamos lentamente a absorver indícios de que somos alguma coisa e dentro dessas primeiras percepções, elabora-se em nós uma identificação da possibilidade de representação de si mesmo que mais tarde nos fará iniciar o Eu de cada um de nós.
O Eu, ou ego, é parte fundamental para nossa sobrevivência, pois é através do Eu que somos capazes de nos reconhecer como seres ativos e independentes.
Tudo que nos acontece depois disso, todas as ações, sensações, emoções e experiências irão fazer parte da construção de nossa personalidade e a grande vazão de tal personalidade é justamente o ego.
Nossas opiniões, nossa conduta, nosso comportamento e consequentemente nossas escolhas serão sempre respaldadas pelos filtros que o ego torna ativo em nós e que agem como agentes de interpretação do que nos afeta, seja em que nível for.
O mundo é do indivíduo para fora e por mais que tenhamos acesso às nossas sensações, é sobre o que está fora que somos capazes de chamar de realidade, pois não somos capazes de comprovar em existência física e real o que existe dentro de nós. Isso nos faz reconhecer a nós mesmos através dos efeitos que causamos no mundo. É o feedback de nossas ações que nos transmitem a repercussão esclarecedora sobre o que somos. No entanto, em virtude de inúmeros fatores, toda resposta externa é filtrada de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo nosso ego e é por isso que podemos duvidar, questionar e discordar das informações que nos chegam como resultados do que somos ao agir no que está fora de nós. Ao tentarmos fazer um retrocesso histórico, veremos que todas as maldições criadas, infligidas e sofridas pelo homem possui um único fator comum: o egoísmo.
Mas se o ego é nosso filtro de realidade e maestro de nossas ações, como somos capazes de causar tantos danos por egoísmo?
A verdade é que nossa personalidade apaixonada é apaixonada apenas por si mesma, apenas pelo indivíduo que a transporta!
O homem não ama a espécie humana nem o mundo onde vive, o homem ama apenas seus descendentes e isso é fator comum, pois é em nossos filhos que somos capazes de garantir nossa continuidade e o grande objetivo da vida é perpetuar.
Não é difícil entender que o ego, essa parte tão fundamental do nosso aparelho psíquico, é o ponto inicial de toda a devastação, física e aparente, que causamos. Mas nós não temos acesso ao discurso conflitivo do ego que nos inspira a destruição. A nós surge apenas o argumento caprichoso que nos faz acreditar que todas as nossas ações são justificáveis. A culpa é uma instância hipócrita e silenciosa que nos atinge apenas quando existe benéfico instantâneo ao se resolver uma questão negativa. Você não sente culpa pelo aquecimento global, por exemplo, mas se sente culpado ao dizer coisas fúteis e agressivas em um momento de transtorno. Você pede perdão por um discurso bêbado, mas não se incomoda trocando de celular todos os anos mesmo sabendo dos efeitos que tal consumismo descabido proporciona.
Felizmente existem cenários onde somos colocados em uma posição de confronto contra nosso próprio ego. Esses cenários nos fazem perceber que a grande maioria dos bloqueios do nosso real desenvolvimento como indivíduo está justamente nesse apreço exacerbado que sentimos pela criatura que somos mesmo quando sabemos lá no fundo que não somos grande coisa. E se você está em um desses cenários, entenda que tudo escrito até aqui é apenas a introdução para esse exato assunto; como amenizar os efeitos do ego e permitir a transcendência desejada?
A história humana está repleta de exemplos de pessoas que adotaram comportamentos excepcionais para com o meio e para com a humanidade como se fossem seres extremamente evoluídos ao serem comparados com quem lhes fazia companhia em seu tempo. Essas pessoas são até hoje consideradas donas de condutas animadoras e inspiradoras para o resto de nós que continuamos batendo a cabeça nas paredes das limitações de nossas personalidades apaixonadas. Há quem siga seus exemplos, tentando traduzir suas mensagens e desejando incorporar em suas vidas algum tipo de resquício orientador que tais pessoas nos deixaram, mas a transcendência não é uma coreografia comportamental, nem um discurso a ser decorado e repetido, tão pouco é uma receita a ser seguida na expectativa de um mesmo resultado.
Nossa capacidade de reconhecer as confusões e conflitos provenientes do atrito entre a realidade e nosso ego, nos faz sermos carentes de gurus especialistas em transformação, mas isso é freio. Nenhum guru tem o poder de transformar pessoas!
Observe que as grandes pessoas da humanidade, aquelas que realmente fizeram algo significativo e iluminado, sempre nos dizem que a transformação está em você, que é dentro de você que estão as respostas e que ninguém jamais poderá te dizer as verdades que se escondem no seu próprio interior. As pessoas que de fato alcançaram a transcendência são repetitivas no discurso que nos orienta a não sermos dependentes dos ecos de outrem; a transformação não pode ser ensinada, os efeitos não podem ser compartilhados, tudo que se pode fazer é se permitir ser observado e consultado para que o seu exemplo seja estímulo.
Ninguém consegue ensinar os a caminhos da transcendência!
E o motivo é simples; somos todos filhos de uma natureza que só produz itens únicos.
Seguir gurus não nos transforma, apenas nos condiciona. Somos criaturas abastecidas por instintos, adestradas por normas de comportamento, angustiados pela percepção de nossas fraquezas e limitados por nosso receio ao julgamento alheio, logo, somos absolutamente influenciáveis aos estímulos que nos são apresentados com a devida articulação. Sendo assim, adote como ponto de partida a certeza de que ninguém pode transformar a sua essência, mesmo que consiga lapidar suas condutas e/ou adicionar uma lente fictícia entre seus olhos e o mundo real.
Dito isso, vamos ao que realmente interessa.
Estamos falando aqui de um assunto muito complexo. Tão complexo que precisaríamos de uma mentalidade no padrão de Freud para compreender melhor sobre o tema. Mas já que não somos Freud, vamos iniciar essa jornada usando caminhos mais fáceis do que a psicanálise.
Existem três pontos bastante simples que nos ajudam a compreender e reconhecer o quão influenciados estamos sendo por nossos egos de maneira negativa.
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"Queime seu ego antes que ele queime você" imagem da internet |
- Você não é especial.
Entenda que se colocarmos em proporção, nós somos praticamente insignificantes diante da grandeza do todo. Somos coisa alguma vivendo dentro de uma imensidão tão absurda que nossa mente e nossos equipamentos são incapazes de mensurar.
O que nos faz imaginar que somos especiais é um discurso patético de nosso ego para evitar que o desespero nos domine pela comprovação de que para o universo é indiferente se existimos ou não. Ao entender isso, ao aceitar que a sua existência só satisfaz a si mesmo, você provavelmente deixará de sofrer uma terrível pressão que é resultado da necessidade de se sentir importante. Toda essa valorização humana é algo muito recente em nossa história. Faz muito pouco tempo que começamos a nos incentivar na apreciação da vida humana, transformando inclusive, algo que no passado foi considerado pecado em algo que hoje nos é comum: a vaidade.
Em contextos bíblicos, a vaidade surge como o primeiro dos pecados, pois foi por vaidade que Lúcifer se voltou contra Deus ao se identificar como um ser independente. Foi com Lúcifer que o até então "nós" se tornou "eu". Existe uma vertente que diz que no momento em que Lúcifer se reconheceu como um, ele se tornou tão pesado que caiu dos céus.
Fora dos contextos bíblicos, a vaidade nada mais é do que uma apreciação de si mesmo, seja por ser como se é, ou por conhecer os caminhos para se fazer parecer ser o que se deseja. Nós incentivamos a vaidade sem perceber que estamos alimentando o egoísmo de cada um, criando assim um ambiente conflitivo dentro de uma sociedade que sofre para se manter.
Ou seja, nós somos seres minúsculos que acreditamos ser especiais por meros detalhes, respaldados por um discurso patético que serve apenas para disfarçar nossa insegurança e como efeito imediato, fortalecemos nosso egoísmo sabendo que este é a causa de todo o mal que já existiu.
Então, para começar trabalhe isso em você, entenda que mesmo com os discursos afetivos de sua mãe, você é só mais um ocupando um espaço que só é justificado com ações realmente significativas, mas que mesmo assim, o raio de ação da sua conduta é muito menor do que você foi treinado a considerar. Além disso, mesmo que em virtude de muito empenho e dedicação você cause algo importante, é pura vaidade esperar elogios e gracejos já que um ser racional que não exercita suas capacidades e realiza coisas notáveis é só um inútil gastando oxigênio.
- A preguiça é fruto do ego.
Preguiça é a escolha pela não-ação. A preguiça não é um sentimento, ela é uma determinação do ego que nos faz recusar a urgência das ações sempre que houver a possibilidade de retardo, ou sempre que por oportunismo possamos deixar que outros façam em nosso lugar.
A grande maioria dos comportamentos são ditados pelo ego, mas a preguiça é filha do ego. Ela é criada, elaborada, defendida e justificada para que o preguiçoso não se convença de estar cometendo um erro por não cometer coisa alguma. Uma pessoa preguiçosa, se tomada por um súbito de clareza, entenderia que é vergonhoso desistir de agir se garantindo em uma argumentação sem sentido, mesmo quando sabe que está escolhendo o não agir sem qualquer impedimento significativo. Mas vejam, todos nós sabemos quando estamos com preguiça. A preguiça não é algo que surge em silêncio e que demora para se declarar nos causando espanto, não, a preguiça é evidente, é assumida em nosso íntimo desde o momento que surge e ainda faz questão de nos informar qual o alvo de nossa moleza. Sempre que dizemos "uma preguiça boa", escolhemos o termo preguiça por sabermos que há o que fazer nos esperando para ser feito.
Trabalhe também a determinação. Saiba reconhecer a preguiça como um comportamento a ser rejeitado e use esse breve ciclo que é a vida para fazer alguma coisa.
O trabalho é necessário, o descanso é merecido, mas a preguiça é patética!
Se é de seu interesse amenizar as influências do seu ego, transforme a preguiça em um obstáculo para o seu desenvolvimento e sempre que ela surgir, crie ânimo se inspirando na certeza de que a vida é apenas um piscar de olhos dentro desse infinito que nos abriga. Assim você se desenvolve, se torna mais eficiente e evita que as pessoas conectadas a você tenham sempre que socorrer a responsabilidade que você por preguiça não resolve.
- Vitimismo é poluição.
Imagine duas pessoas discutindo; uma delas grita, gesticula, ameaça, joga coisas, fala um monte de besteiras... A outra fala baixo, sorri, questiona e ouve. Se você já passou por isso, sabe que para uma pessoa exaltada não existe nada mais ofensivo do que uma pessoa calma.
Nesse caso, a discussão ocorre entre uma pessoa emocional e uma pessoa racional. O conflito vai muito além do tema e das palavras, é o comportamento que mais afeta. Uma pessoa tomada por emoções se torna fragilizada e tudo lhe parece ofensivo, mesmo que seja o simples silêncio. Em tais circunstâncias, o ego busca proteger o indivíduo criando um sistema complexo de argumentos e memórias para transformar o indivíduo em vítima. É por isso que em discussões de casais algumas coisas são ditas de tempos muito antigos. O ego tenta transformar a pessoa em vítima para que o seu discurso cause o sentimento de pena. Mas você não gosta que sintam pena de você, não é? Mas mesmo assim se faz de vítima até que tal efeito seja alcançado.
A grande questão até aqui é que o vitimismo te impede de perceber as oportunidades de se resolver a situação de forma menos prejudicial. É por vitimismo que uma discussão rende dias e mais dias de afastamento.
Mas o vitimismo não afeta apenas casais em crise, o vitimismo tem sido uma das condutas mais aplicadas nas últimas décadas. Por exemplo, ninguém mais responde perguntas simples de forma honesta se a resposta lhe causar algum tipo de culpa infame. "Você se atrasou novamente?" resposta; "não, foi o ônibus/a chuva/o cachorro que comeu minha carteira". Por que a pessoa não diz simplesmente "sim, me atrasei!"?
Recentemente nós passamos por um período cheio de protestos e discursos de minoria, você notou alguma mudança significativa na sociedade? Você sentiu alguma melhoria nos serviços prestados pelo estado?
Se você observar com clareza todos os protestos e manifestações que houveram, perceberá que por trás de cada discurso o sentido era sempre o mesmo: vitimismo. Todas as reivindicações pendiam para alguma argumentação oportunista, regada de detalhes sensacionalistas ou opressivos transformando a classe que protestava em uma vítima de forças maiores. Tudo isso gerou uma enorme visibilidade e as pessoas, carentes de atenção plural, começaram a usar o vitimismo como ferramenta para serem notadas. Nunca se teve tanto choro, tanta depressão, tanta lamentação como nos últimos tempos. E como justificam isso? Como um reflexo inevitável de uma sociedade antiquada que não sabe acompanhar as mudanças que as novas gerações precisam para sobreviver. É ridículo!
E só por dizer isso eu seria considerado conservador, o que também é uma acusação vitimista, imagine como seria se eu desse exemplos. Mas enfim... Falar sofre o vitimismo aqui renderia páginas e páginas mais, então para resumir, entenda que existe em você uma argumentação inserida por todo tipo e informação que te atinge, que te faz ver as situações contrárias à suas opiniões como uma afronta a sua pessoa.
Não é totalmente culpa sua, mas você foi levado a acreditar que opinião é sinônimo de verdade depois que houve tanto barulho e movimentação para que toda e qualquer opinião fosse respeitada como se isso fosse um comportamento essencial. Mas opinião é apenas um ponto de vista gerado pelos filtros singulares de cada um após ter acesso a alguma informação. Opinião é um comentário simplório, só isso.
No entanto, já que por intermédio da repetição você se tornou uma pessoa vitimista, vale muito a pena que por escolha você tente voltar a ser uma pessoa consciente. O vitimismo nubla a sua capacidade de assimilar a realidade e te obriga a se colocar em uma posição fragilizada enquanto o seu ego se fortalece e te domina.
Para eliminar o vitimismo, a dica é: rejeite tudo aquilo que de agrada de imediato, pois tudo que vai a favor das suas ideias enquanto você for um vitimista, só serve para te iludir com a suposição de que você já alcançou o desenvolvimento necessário.
Comece a escolher o atrito sincero, discuta problemas sérios sem concordar o tempo inteiro e aceite que você também pode ter uma opinião pífia e sem crédito.
Se você aprender a se livrar do vitimismo, verá que as coisas estão tão simples de serem resolvidas que todo conflito te parecerá cômico e dessa forma você será sempre a pessoa racional assistindo uma pessoa emocional se descabelar por puro domínio de suas emoções.
Segunda parte - a parte chata.
Existem três características marcantes que devem ser trabalhadas até que sejam influenciáveis com o mínimo de efeito possível. São características que em virtude do atrito de personalidades aos quais estamos constantemente participando, são tão comuns à nossa rotina que somente em casos de muita evidência se tornam perceptíveis. São elas: hipocrisia, oportunismo e inveja.
Nessa segunda parte, essas três características serão a base de toda a argumentação, oferecendo então um tanto mais de percepção sobre as influências, mesmo que cause certo desconforto, já que o discurso que escancara tais efeitos nos causam inúmeras contrariedades, mas é exatamente por isso que se faz necessário falar sobre tais pontos, afinal, que parte de você irá tentar confrontar a interpretação do que irá se seguir? O ego.
Antes de começar, preciso fazer um adendo pertinente. Neste teorema, tais características não estão relacionadas ao discurso, ou seja, não se trata da fala hipócrita, oportunista ou invejosa, mas sim do comportamento hipócrita, oportunista e invejoso. Existe muita diferença entre o discurso e o comportamento, mas essa diferenciação não cabe ao momento, o que realmente vale ser mencionado é que o discurso é um artifício que somente empenha significado se for absorvido. Sendo assim, o discurso hipócrita, oportunista e invejoso nos serve como referência fundamental para amenizar os efeitos do ego, pois se os absorvemos é por sermos apaixonados demais pela informação que eles carregam e não pelo significado que eles transmitem. Quando você sofre as consequências de um desses discursos, trata-se do seu ego te permitindo vitimismo, uma vez que bastaria haver clareza em sua interpretação para tudo o que foi dito permanecesse apenas como barulho e não como informação significativa.
Da mesma forma que um discurso hipócrita é articulado pelo ego, é o ego que o ouve e o faz significar. Logo, se você fala com hipocrisia, é necessário trabalhar seu ego, e, se você absorve hipocrisia, também é necessário trabalhar seu ego.
Vamos criar aqui uma generalização determinado apenas três tipos de pessoas: as que não são capazes de reconhecer as influências negativas do ego; as que são capazes de reconhecer o ego lhes corrompendo; e as que transcenderam. Qual dessas três pessoas é você?
Pare um pouco a leitura, reflita sobre si mesmo e aí dentro do seu particular, responda honestamente essa pergunta.
Bem, se você já leu a primeira parte deste teorema e está aqui lendo a segunda, podemos considerar que existe em você o interesse de ponderar sobre o tema, logo, isso te excluí de ser a primeira pessoa. Afinal, você não enfrentaria essa longa e tediosa leitura se não houvesse interesse.
Se você foi capaz de responder honestamente à pergunta, você provavelmente deve ser a terceira pessoa.
Mas eu sou capaz de garantir que você é a segunda pessoa. E como eu sei disso? Simples, ficou fácil excluir a primeira pessoa, certo? E se você é a terceira pessoa, sabe que mesmo ao transcender é necessário o exercício constante e diário de alto avaliação para não ser dominado pelo ego, logo, ou você não está aqui lendo, ou você é a segunda pessoa.
E já que você é capaz de reconhecer a influência em seu comportamento, o mais importante agora é que você seja capaz de compreender os mecanismos do ego.
Veja, desde o início do seu desenvolvimento lá na infância, o ego está acompanhando cada segundo da sua vida. Ele sabe tudo de você, conhece cada detalhe, cada motivação, cada medo, receio, preconceito, interesse... O ego sabe tudo de você, pois o ego é você. É essa voz que narra seus pensamentos, que valida suas opiniões, que te inspira argumentos e que torna consciente todos os "dados criptografados" que a realidade te insere. Sendo assim, (eis a pergunta de ouro) como é possível separar o que é ego e o que não é?
A resposta é terrivelmente simples, mas você não seria capaz de entendê-la caso não saiba respondê-la por si mesmo de imediato. E tudo bem se for o caso, ela estará na parte três da forma como eu compreendo, talvez te sirva de alguma coisa.
Por hora, é importante que você saiba reconhecer quais vertentes do ego estão ativas na sua vida. E a dica é: se ao ler o que se segue sua interpretação te excluir do cenário, acredite, é ali que você deve se empenhar.
· O comportamento hipócrita.
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Pense sobre isso, você sabe a verdade, sabe as consequências da verdade, mas ao considerar as possibilidades da ilusão, decide manipular quem quer que seja para que este se dedique a interpretar uma mentira e você faz isso por escolha, com planejamento. Você usa gestos e olhares, palavras e sentidos, dá exemplos, justifica, aponta e determina, tudo sabendo que está mentindo. E o que é pior, toda essa covardia serve apenas para te garantir algum benefício que você sequer merece, por isso é patético. Merecimento é uma oferta, não uma escolha!
Um exemplo simples de comportamento hipócrita: fingir estar ofendido.
Todos nós somos dotados do senso de responsabilidade, mesmo que para alguns a influência da responsabilidade seja menor, a questão é que todos nós nos sentimos responsáveis pelo o que fazemos e temos consciência dos efeitos. Esse sentido é ativado no seu íntimo todas as vezes que você comete algo errado ou que incomode, como por exemplo, ofender alguém. Quando uma ofensa surge de você, seu senso de responsabilidade te obriga a considerar a situação e mesmo que nenhuma ação para remediar seja tomada, dentro de você todas as soluções estão disponíveis.
Pois bem, quando você adota um comportamento hipócrita fingido estar ofendido, você está causando a ativação desse senso em outra pessoa. Você está fazendo uso de uma noção que você é capaz de reconhecer em si mesmo, de modo inverso para gerar no outro uma sensação que você conhece e sabe que irá funcionar. Mesmo que você não se sinta ofendido, você se comporta como se estivesse e praticamente exige retratação usando um simples baixar de cabeça, um simples olhar, um simples silêncio... Você não se ofendeu, mas faz parecer que há uma rachadura no seu espírito. Você gera no outro uma sensação real através de uma demonstração irreal arquitetada exclusivamente para transportar uma falsidade. Ao manipular o outro de tal forma, você que se faz vítima de ofensa, passa a ser ofensivo, mas protegido pela ilusão vitimista que o seu ego te permite.
Você é capaz de racionalizar o quanto isso é injusto?
Se sim, ótimo, pois a única coisa que te falta então é a decisão de sempre que te surgir essa iniciativa manipuladora, parar e ponderar. Você só precisa ter a coragem e a vontade de não se render aos estímulos do ego que te fariam se comportar com hipocrisia. E não se engane, é muito mais difícil do que parece, mas lembre-se; tudo que se lamenta pode ser revertido.
Se no começo você não for capaz de evitar e mesmo ao reconhecer a hipocrisia se deixar levar, tenha a disposição de se retratar. Posso garantir que depois de um tempo e alguma vergonha, você irá se sentir muito melhor sendo alguém mais justo. E detalhe: não tenha medo da vergonha, você só sente vergonha se for capaz de reconhecer seus erros e isso não te faz menor, pelo contrário, te faz melhor.
Outros exemplos simples de comportamento hipócrita:
· Fingir dormir para não ceder o lugar no ônibus
· Fingir cansaço para evitar ser solicitado
· Fingir dor e doença para merecer cuidados
· Fingir esquecimento para não ser cobrado
· Fingir ignorância para não ser responsabilizado
· O comportamento oportunista.
O oportuno é ótimo, mas o oportunismo é vergonhoso.
Um oportunista é alguém que tenta se beneficiar de situações onde ganhos possam ser conquistados através do empenho alheio. Um comportamento oportunista é praticamente uma decisão preguiçosa e covarde abastecida puramente pela falta de determinação e honestidade que geralmente são comuns em pessoas de baixo nível. Diferente do comportamento hipócrita, o oportunista não é necessariamente um aproveitamento de ilusões, pode haver verdade no oportunismo, pois o objetivo é aproveitar-se, mas quase sempre, mesmo em oportunismos com verdade, se questionados os interesses surgirá a hipocrisia.
Entenda que uma dessas mazelas permitirá sempre uma ponte que possa transportar um comportamento ao outro. A preguiça conduz à hipocrisia que conduz ao oportunismo que conduz a preguiça que conduz ao vitimismo e assim por diante. É fácil perceber; veja essas pessoas que estão sempre carentes de auxílio, estão sempre solicitando ajuda com ações simples, estão sempre lamentando por pequenos esforços, que se recusam a fazer coisas sozinhas agindo com braços curtos, essas pessoas quase sempre acreditam que é obrigação do outro oferecer ajuda, mas ao mesmo tempo, sentem-se tão especiais que justificam que o outro tem o privilégio de lhes ajudar como se o socorro fosse uma oportunidade para o outro de ser útil, mas observe que na maioria das vezes, quando o quadro se inverte e o então oportunista é requisitado, existe sempre um cansaço, uma indisposição, uma irritação instantânea, uma falta de interesse... Um oportunista não é um alguém com poucas capacidades, é um alguém egoísta e preguiçoso que anestesia suas capacidades por comodismo. E analisando essas posturas com clareza, podemos perceber que se trata de um desvio de moral que nos faz reagir de formas medíocres e nos transformam em fantoches de nosso ego. É como um ator incapaz de abandonar seu personagem ao retornar para realidade.
A grande desavença do oportunismo com a integridade está na determinação de se alto-promover sem esforços. Veja bem, viver exige esforço, é necessário empenho, ser oportunista e esperar benefícios sem esforço representa total ausência de merecimento, o que transforma o oportunista em um parasita que passa de uma vítima à outra minando suas recompensas e engordando seu espírito decadente.
Existe em nossa atualidade um comportamento oportunista ativo e devastador atingindo não só a você ou a mim, mas a todos nós de forma voraz. Há anos estamos ouvindo falar sobre ele e podemos sentir todos os dias os efeitos que ele nos causa; a corrupção.
A corrupção é um comportamento oportunista que está incrustado na sociedade aniquilando nossas oportunidades, consumindo nosso desenvolvimento e arruinando nossa qualidade de vida dia após dia.
Um agente de cargo público, diante de uma imensa permissão de agir em prol da massa, vê diante de si uma grande quantidade de dinheiro e ali visualiza lucros indevidos. Ele deveria cuidar das pessoas, mas em algum momento essa determinação é vencida pelo interesse de se beneficiar da posição e ao invés de construir escolas, hospitais, encaminhar alimento e remédios, garantir a segurança e o bem estar do povo, ele compra carros, casas, faz viagens, frequenta locais de padrão elevado... Vive um paraíso de prazeres. E quando olha pela janela, vê um país morrendo, crianças desnutridas, famílias fragilizadas, hospitais em ruínas... O que você acha que ele sente?
· Fingir cansaço para evitar ser solicitado
· Fingir dor e doença para merecer cuidados
· Fingir esquecimento para não ser cobrado
· Fingir ignorância para não ser responsabilizado
· O comportamento oportunista.
O oportuno é ótimo, mas o oportunismo é vergonhoso.
Um oportunista é alguém que tenta se beneficiar de situações onde ganhos possam ser conquistados através do empenho alheio. Um comportamento oportunista é praticamente uma decisão preguiçosa e covarde abastecida puramente pela falta de determinação e honestidade que geralmente são comuns em pessoas de baixo nível. Diferente do comportamento hipócrita, o oportunista não é necessariamente um aproveitamento de ilusões, pode haver verdade no oportunismo, pois o objetivo é aproveitar-se, mas quase sempre, mesmo em oportunismos com verdade, se questionados os interesses surgirá a hipocrisia.
Entenda que uma dessas mazelas permitirá sempre uma ponte que possa transportar um comportamento ao outro. A preguiça conduz à hipocrisia que conduz ao oportunismo que conduz a preguiça que conduz ao vitimismo e assim por diante. É fácil perceber; veja essas pessoas que estão sempre carentes de auxílio, estão sempre solicitando ajuda com ações simples, estão sempre lamentando por pequenos esforços, que se recusam a fazer coisas sozinhas agindo com braços curtos, essas pessoas quase sempre acreditam que é obrigação do outro oferecer ajuda, mas ao mesmo tempo, sentem-se tão especiais que justificam que o outro tem o privilégio de lhes ajudar como se o socorro fosse uma oportunidade para o outro de ser útil, mas observe que na maioria das vezes, quando o quadro se inverte e o então oportunista é requisitado, existe sempre um cansaço, uma indisposição, uma irritação instantânea, uma falta de interesse... Um oportunista não é um alguém com poucas capacidades, é um alguém egoísta e preguiçoso que anestesia suas capacidades por comodismo. E analisando essas posturas com clareza, podemos perceber que se trata de um desvio de moral que nos faz reagir de formas medíocres e nos transformam em fantoches de nosso ego. É como um ator incapaz de abandonar seu personagem ao retornar para realidade.
A grande desavença do oportunismo com a integridade está na determinação de se alto-promover sem esforços. Veja bem, viver exige esforço, é necessário empenho, ser oportunista e esperar benefícios sem esforço representa total ausência de merecimento, o que transforma o oportunista em um parasita que passa de uma vítima à outra minando suas recompensas e engordando seu espírito decadente.
Existe em nossa atualidade um comportamento oportunista ativo e devastador atingindo não só a você ou a mim, mas a todos nós de forma voraz. Há anos estamos ouvindo falar sobre ele e podemos sentir todos os dias os efeitos que ele nos causa; a corrupção.
A corrupção é um comportamento oportunista que está incrustado na sociedade aniquilando nossas oportunidades, consumindo nosso desenvolvimento e arruinando nossa qualidade de vida dia após dia.
Um agente de cargo público, diante de uma imensa permissão de agir em prol da massa, vê diante de si uma grande quantidade de dinheiro e ali visualiza lucros indevidos. Ele deveria cuidar das pessoas, mas em algum momento essa determinação é vencida pelo interesse de se beneficiar da posição e ao invés de construir escolas, hospitais, encaminhar alimento e remédios, garantir a segurança e o bem estar do povo, ele compra carros, casas, faz viagens, frequenta locais de padrão elevado... Vive um paraíso de prazeres. E quando olha pela janela, vê um país morrendo, crianças desnutridas, famílias fragilizadas, hospitais em ruínas... O que você acha que ele sente?
Ele sente exatamente a mesma coisa que você sente quando recebe o troco errado no supermercado e não diz nada: "não é culpa minha se a oportunidade me favorece".
Nosso ego nos convence de que estando em posição de benefício, aproveitar é uma conduta natural, como se o sucesso fosse o prêmio de uma batalha que travamos uns contra os outros e que permite esse tipo de estratégia. É como se um veneno fosse inserido em nossos sentidos distorcendo todos os princípios e valores importantes da coexistência. E independente da extensão e dos danos gerados por esse oportunismo, sempre surgirão justificativas afáveis nos livrando da responsabilidade. De onde você acha que surgem essas justificativas?
Se não houvesse corrupção no Brasil nós teríamos um padrão de vida tão extraordinário que em nenhum outro lugar do mundo se viveria tão bem. E não se engane, você que vai embora com o troco errado, em um cargo público seria tão corrupto quanto esses que te impedem de viver melhor.
Quer vencer o oportunismo?
Tenha consciência de que todo ganho indevido gera perda. O troco errado não será perdoado no fechamento do caixa. Faça valer sua capacidade de avaliação e tenha em mente que mesmo em um sistema tão desigual quanto esse que nos rege, toda ação gera uma reação e você em algum momento poderá sofrer consequências desagradáveis por se deixar levar pelo oportunismo, pois tudo que se mantém com bases medíocres, tende a ruir. Não existe vitimismo no mundo que te salve da repercussão de uma escolha oportunista.
· O comportamento invejoso.
Logo de cara, vamos esclarecer a confusão sobre o significado da inveja: inveja não é desejar ter o que é de outro, inveja é se sentir atingido negativamente pelo fato de que o outro tem. A inveja é a impossibilidade do Eu de admirar e ser feliz, é uma admiração mentirosa que pela incapacidade de se alegrar com o sucesso alheio, se incomoda até doer. A inveja é a frustração pela felicidade do outro.
Dito isso, considere a inveja como um nível de cegueira, o invejoso não vê a si mesmo, vê apenas o outro e através do outro assiste o sucesso alheio como algo que lhe diminui. E então me diga; você é invejoso? Você conhece alguém invejoso? Você alguma vez encontrou alguém que se declarasse invejoso? E por fim, você já foi vítima da inveja?
A inveja é a porta da hipocrisia e do oportunismo, pois a grande característica da inveja é que ela acentua a minha fraqueza a tal ponto que minha força se torna esquecida.
Mas a inveja não nos causa orgulho, ninguém bate no peito assumindo ser invejoso e esperando reconhecimento positivo. O ego é pai da inveja, mas um pai envergonhado!
No entanto, a inveja é da natureza humana.
O homem, dotado de querer, quer aquilo que assimila como necessidade e para todas as necessidades existem possibilidades que nem sempre são correspondias por nossas capacidades. Logo, se diante de uma possibilidade houver alguém que seja mais capaz, este será escolhido ou receberá os ganhos e não eu. O resultado será a inveja. Sentir inveja é normal, mas este é um sentido que deve ser vencido!
Vencer a inveja é o exercício mais complicado da luta contra as influências do ego, pois evitar a inveja significa reconhecer que além de mim, existem outros e para cada um existe algo que lhes toque sem me tocar. É aceitar sem sofrer que por maiores e melhores que sejam as minhas iniciativas, não sou sozinho e por tanto não sou único e já que não sou único, nem tudo me pertence ou pode pertencer.
Infelizmente nos falta a capacidade de reconhecer nossas faltas como algo importante de ser trabalhado para nosso próprio desenvolvimento. Fomos e somos levados a crer por inúmeros processos e costumes que somente as vitórias devem ser consideradas e sendo assim, sempre que vemos a vitória alheia, ao invés de pensarmos no empenho alheio, pensamos que a vitória do outro representa uma derrota minha mesmo sem haver competição.
Em meio a essa concorrência de egos, a inveja nos oferece uma forma confortável de encarar o fracasso, já que nos sentimos reconfortados com a ideia de que todas as nossas derrotas só foram possíveis graças uma intensa inveja sentida por aqueles que desejam ser o que somos. Será? Será mesmo que existe tanto em você que possa ser invejado? Ou será que todas essas características que o ego te aponta como invejáveis são na verdade apenas fruto de uma paixão exacerbada?
Acredite, a inveja alheia pode até te afetar, mas caso te seja possível descobrir que ninguém inveja nada em você, isso irá te destruir!
A inveja está presente na história humana desde sempre. Em todas as eras, em todas as sociedades, a inveja sempre esteve presente e sempre foi o combustível de algo ruim. Até mesmo na Bíblia, na primeira família um irmão matou o outro por inveja. E veja, Abel ofereceu o melhor, Cain o pior e diante da preferência de Deus pelas oferendas de Abel, Cain sentiu-se diminuído e culpou o irmão. Ele não culpou a si mesmo, não usou a experiência do que sentiu ao ser menos valorizado como algo motivador que o fizesse se modificar, não, ele culpou o empenho do irmão e tomado por esse sentimento devastador que é a inveja, matou Abel. Do primeiro par de irmãos surgiu o primeiro homicídio bíblico por pura inveja.
Mas veja, existe aí um elemento que nos esclarece a inveja: o ato de comparar. Assim como Cain comparou o que recebeu e o que recebeu Abel, todos os dias estamos nos comparando com os outros. E não me entenda mal, esse comparar é o que define tudo ao redor, inclusive nós mesmos. Por exemplo: eu sou alto, mas se comparado com as pessoas da minha casa, se comparado com holandeses sou baixo.
A comparação é o que determina todas as definições que conhecemos e a inveja nos atinge por olharmos apenas ao que vence a comparação. Mas o que muda se me invejo de um homem com 1,95 de altura contra os meus 1,84? Nada, e a única verdade que existe nesse caso é que através da inveja eu afirmaria que importa mais os 11 centímetros a mais do outro do que os 184 centímetros que eu tenho de altura. Veja, eu prefiro valorizar 11 mesmo tendo 184, é triste.
Sim, triste, pois a inveja está diretamente ligada à felicidade. A inveja é perturbação pela felicidade do outro e os exemplos da inveja estão em nosso dia a dia na mesma medida em que somos incapazes de assumir a inveja que sentimos. Então pense; todos os dias a felicidade de alguém é o algoz de outrem. Isso não é lamentável?
Exemplos básicos:
· Quem fala melhor e é mais articulado do que eu é presunçoso
· Quem é mais bonito do que eu é artificial
· Quem é mais musculoso do que eu é brocha
· Quem é mais rico do que eu é antipático
· Quem é mais alto do que eu é desengonçado
· Quem canta melhor do que eu grita muito
· Quem é mais...
· Quem é melhor...
· ...
É sempre quem é mais do que eu, mas quem compara, eu ou o outro? Não seria correto dizer então que "Eu sou menos..."? Mas o ego não permite isso. O ego não diminui seu “hospedeiro”, o ego dispara a inveja como um veneno em nossas veias e nós nos deixamos dominar.
Para aprender a não ser domado pela constatação injusta dessa competição constante, use a inveja como ponto de partida fundamental para conhecer a si mesmo, pois a inveja te faz ver o que te falta quando seu olhar se empenha em invejar o outro. É isso, é essa sensação de implenitude, esse vazio, esse desespero que você sente e que dá vazão a inveja que tem o maior potencial de dizer quem você é e o que vale a pena modificar para te fazer feliz.
O outro até pode ser presunçoso em seu discurso articulado, mas a vasta gama de palavras e temos, a bela conjugação dos verbos e o uso correto das citações não passa de fruto de um bom vocabulário e entendimento do idioma. Você também pode ser um bom interlocutor, basta que ao invés de condenar o outro, ocupe seu tempo com boas leituras.
O outro pode até ser um puxa saco e receber um melhor salário, mas você também pode se profissionalizar para ser mais bem pago.
Entenda, não é o outro, nunca foi, é e será sempre você. Pare de competir com quem nem sabe da corrida. Pare de ver nos outros os louros que te faltam. Se você não cuidar da sua grama, a do vizinho será sempre mais verde!
E saiba que assim como na sua vida existem mais dias de frustração do que de alegrias, a vida do outro se equilibra na mesma balança.
O mundo é de você para fora, mas nem todo externo está visível. Você pode estar sentindo inveja de quem ao chegar em casa e fechar a porta, sofre de solidão, depressão, angústia, medo... Alguém que trocaria tudo que você inveja para ser o que você é, mas que não percebe por estar sempre olhando os outros.
Acredite, no momento em que você for capaz de destruir todas as fantasias que usa sem saber por conta da inveja e for capaz de se encarar com honestidade suficiente para saber de si mesmo além dos outros ou além das impressões, você poderá saber de fato quem você é e isso vai mudar a sua vida.
Não existe concorrência, cada um é um: você é, eu sou, nós somos... Todos indivíduos únicos de uma natureza que só produz singulares. A inveja é só uma representação do ego se doendo por perceber tais diferenças.
Não é culpa do outro se por preguiça ou falta de interesse não houve tanto empenho da sua parte para ser tão "interessante" quanto te parece quem é vítima da sua inveja. A sua crítica nesses casos não diz absolutamente nada sobre o outro, diz apenas sobre si mesmo. Lembre-se, todas as vezes que apontar um dedo, outros três estarão apontados pra você.
Tá, mas o que tudo isso quer dizer?
Volte lá nos tempos de escola e lembre-se de como você justificava o que os professores te ensinavam. Lembre-se de como você imaginava seu futuro e ao se frustrar tentando fazer a lição de casa, dizia que tudo aquilo era conteúdo inútil e que você não usaria aquilo em nada. Bem, hoje todas aquelas equações não te surgem como necessárias, mas e quanto a capacidade de raciocínio que elas te permitem?
Toda informação será sempre útil, mesmo que você não seja capaz de reconhecer isso!
O homem, dotado de querer, quer aquilo que assimila como necessidade e para todas as necessidades existem possibilidades que nem sempre são correspondias por nossas capacidades. Logo, se diante de uma possibilidade houver alguém que seja mais capaz, este será escolhido ou receberá os ganhos e não eu. O resultado será a inveja. Sentir inveja é normal, mas este é um sentido que deve ser vencido!
Vencer a inveja é o exercício mais complicado da luta contra as influências do ego, pois evitar a inveja significa reconhecer que além de mim, existem outros e para cada um existe algo que lhes toque sem me tocar. É aceitar sem sofrer que por maiores e melhores que sejam as minhas iniciativas, não sou sozinho e por tanto não sou único e já que não sou único, nem tudo me pertence ou pode pertencer.
Infelizmente nos falta a capacidade de reconhecer nossas faltas como algo importante de ser trabalhado para nosso próprio desenvolvimento. Fomos e somos levados a crer por inúmeros processos e costumes que somente as vitórias devem ser consideradas e sendo assim, sempre que vemos a vitória alheia, ao invés de pensarmos no empenho alheio, pensamos que a vitória do outro representa uma derrota minha mesmo sem haver competição.
Em meio a essa concorrência de egos, a inveja nos oferece uma forma confortável de encarar o fracasso, já que nos sentimos reconfortados com a ideia de que todas as nossas derrotas só foram possíveis graças uma intensa inveja sentida por aqueles que desejam ser o que somos. Será? Será mesmo que existe tanto em você que possa ser invejado? Ou será que todas essas características que o ego te aponta como invejáveis são na verdade apenas fruto de uma paixão exacerbada?
Acredite, a inveja alheia pode até te afetar, mas caso te seja possível descobrir que ninguém inveja nada em você, isso irá te destruir!
A inveja está presente na história humana desde sempre. Em todas as eras, em todas as sociedades, a inveja sempre esteve presente e sempre foi o combustível de algo ruim. Até mesmo na Bíblia, na primeira família um irmão matou o outro por inveja. E veja, Abel ofereceu o melhor, Cain o pior e diante da preferência de Deus pelas oferendas de Abel, Cain sentiu-se diminuído e culpou o irmão. Ele não culpou a si mesmo, não usou a experiência do que sentiu ao ser menos valorizado como algo motivador que o fizesse se modificar, não, ele culpou o empenho do irmão e tomado por esse sentimento devastador que é a inveja, matou Abel. Do primeiro par de irmãos surgiu o primeiro homicídio bíblico por pura inveja.
Mas veja, existe aí um elemento que nos esclarece a inveja: o ato de comparar. Assim como Cain comparou o que recebeu e o que recebeu Abel, todos os dias estamos nos comparando com os outros. E não me entenda mal, esse comparar é o que define tudo ao redor, inclusive nós mesmos. Por exemplo: eu sou alto, mas se comparado com as pessoas da minha casa, se comparado com holandeses sou baixo.
A comparação é o que determina todas as definições que conhecemos e a inveja nos atinge por olharmos apenas ao que vence a comparação. Mas o que muda se me invejo de um homem com 1,95 de altura contra os meus 1,84? Nada, e a única verdade que existe nesse caso é que através da inveja eu afirmaria que importa mais os 11 centímetros a mais do outro do que os 184 centímetros que eu tenho de altura. Veja, eu prefiro valorizar 11 mesmo tendo 184, é triste.
Sim, triste, pois a inveja está diretamente ligada à felicidade. A inveja é perturbação pela felicidade do outro e os exemplos da inveja estão em nosso dia a dia na mesma medida em que somos incapazes de assumir a inveja que sentimos. Então pense; todos os dias a felicidade de alguém é o algoz de outrem. Isso não é lamentável?
Exemplos básicos:
· Quem fala melhor e é mais articulado do que eu é presunçoso
· Quem é mais bonito do que eu é artificial
· Quem é mais musculoso do que eu é brocha
· Quem é mais rico do que eu é antipático
· Quem é mais alto do que eu é desengonçado
· Quem canta melhor do que eu grita muito
· Quem é mais...
· Quem é melhor...
· ...
É sempre quem é mais do que eu, mas quem compara, eu ou o outro? Não seria correto dizer então que "Eu sou menos..."? Mas o ego não permite isso. O ego não diminui seu “hospedeiro”, o ego dispara a inveja como um veneno em nossas veias e nós nos deixamos dominar.
Para aprender a não ser domado pela constatação injusta dessa competição constante, use a inveja como ponto de partida fundamental para conhecer a si mesmo, pois a inveja te faz ver o que te falta quando seu olhar se empenha em invejar o outro. É isso, é essa sensação de implenitude, esse vazio, esse desespero que você sente e que dá vazão a inveja que tem o maior potencial de dizer quem você é e o que vale a pena modificar para te fazer feliz.
O outro até pode ser presunçoso em seu discurso articulado, mas a vasta gama de palavras e temos, a bela conjugação dos verbos e o uso correto das citações não passa de fruto de um bom vocabulário e entendimento do idioma. Você também pode ser um bom interlocutor, basta que ao invés de condenar o outro, ocupe seu tempo com boas leituras.
O outro pode até ser um puxa saco e receber um melhor salário, mas você também pode se profissionalizar para ser mais bem pago.
Entenda, não é o outro, nunca foi, é e será sempre você. Pare de competir com quem nem sabe da corrida. Pare de ver nos outros os louros que te faltam. Se você não cuidar da sua grama, a do vizinho será sempre mais verde!
E saiba que assim como na sua vida existem mais dias de frustração do que de alegrias, a vida do outro se equilibra na mesma balança.
O mundo é de você para fora, mas nem todo externo está visível. Você pode estar sentindo inveja de quem ao chegar em casa e fechar a porta, sofre de solidão, depressão, angústia, medo... Alguém que trocaria tudo que você inveja para ser o que você é, mas que não percebe por estar sempre olhando os outros.
Acredite, no momento em que você for capaz de destruir todas as fantasias que usa sem saber por conta da inveja e for capaz de se encarar com honestidade suficiente para saber de si mesmo além dos outros ou além das impressões, você poderá saber de fato quem você é e isso vai mudar a sua vida.
Não existe concorrência, cada um é um: você é, eu sou, nós somos... Todos indivíduos únicos de uma natureza que só produz singulares. A inveja é só uma representação do ego se doendo por perceber tais diferenças.
Não é culpa do outro se por preguiça ou falta de interesse não houve tanto empenho da sua parte para ser tão "interessante" quanto te parece quem é vítima da sua inveja. A sua crítica nesses casos não diz absolutamente nada sobre o outro, diz apenas sobre si mesmo. Lembre-se, todas as vezes que apontar um dedo, outros três estarão apontados pra você.
Tá, mas o que tudo isso quer dizer?
Volte lá nos tempos de escola e lembre-se de como você justificava o que os professores te ensinavam. Lembre-se de como você imaginava seu futuro e ao se frustrar tentando fazer a lição de casa, dizia que tudo aquilo era conteúdo inútil e que você não usaria aquilo em nada. Bem, hoje todas aquelas equações não te surgem como necessárias, mas e quanto a capacidade de raciocínio que elas te permitem?
Toda informação será sempre útil, mesmo que você não seja capaz de reconhecer isso!
Não existe a tentativa de transformar esse teorema em conteúdo de estudo, mas desde o momento em que você começa a ler, sua interpretação leva para sua mente um tipo de conteúdo que pode te servir como base para pontos de vista diferentes. A grande ideia aqui é oferecer uma perspectiva que te faça notar as influências do ego em comportamentos simples que quase sempre passam sem muita atenção. Você não vai mudar o ego, não vai domá-lo com meditação, homeopatia ou terapia de grupo, você só pode aprender a identificar as influências através do seu comportamento e então trabalhar as mudanças que irão te transformar.
O ego é você, então é preciso que você mude e mesmo que essa transformação tenha de ir fundo no seu íntimo, é muito mais fácil começar por onde se pode extrair o feedback da mudança. Já que o mundo é de você para fora, comece de fora e leve para dentro o que lá dentro deve ser modificado.
Fim da segunda parte.
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