Sun Tzu, Nicolau Maquiavel, Miyamoto Musashi, Napoleão Bonaparte, Luís Carlos Prestes, Luís Alves de Lima e Silva (Duque de Caxias) ... O que esses homens tinham em comum?
A capacidade de observar a situação pela ótica do adversário sem serem coordenados por suas próprias vontades e certezas, permitindo cenários aceitáveis à realidade de seus oponentes.
Isso é Kyojitsu!
A capacidade de observar a situação pela ótica do adversário sem serem coordenados por suas próprias vontades e certezas, permitindo cenários aceitáveis à realidade de seus oponentes.
Isso é Kyojitsu!
Na prática das artes marciais, o kyojitsu surge como uma ferramenta extremamente eficiente que pode inclusive, levar a vitória sem que o combate seja necessário. No entanto, e digo isso por minha interpretação e não por orientação, o Kyojitsu não é algo que você cria, mas algo que você permite ganhar vida. O kyojitsu está no adversário, faz parte dele e funciona nele na exata medida e condição que você determinar, se você compreender a sutileza dos espaços entre um momento e outro.
Para entender kyojitsu é importante compreender o espaço vazio que preenche tudo.
Da forma mais profunda, primeiro na filosofia com Leucipo e Demócrito e mais tarde na física, a humanidade pode compreender que tudo que existe (a matéria) é feito de átomos e vazio. E mais, que dentro dos átomos o que mais existe é vazio. E é no vazio e graças ao vazio que tudo acontece. Nada é sólido e nada é estático, tudo está em constante movimento e transformação.
Então pense; se em um átomo (que é a menor fração capaz de identificar um elemento químico) existe mais vazio do que matéria, quanto de vazio existe entre um movimento e outro? E sabe o que reside nesse vazio entre movimentos? Kyojitsu.
Permitir o vazio é fundamental para se articular o kyojitsu. Dentro do seu kukan (espaço) o que não é você é vazio. Quanto menor a presença (intenção) maior o vazio (kyojitsu). Ou seja, quanto maior for sua capacidade de se neutralizar dentro de si mesmo, maiores serão as oportunidades de envolver o adversário em vazio e assim permitir que o kyojitsu ganhe vida.
Penso que o mais importante para fazer bom uso do kyojitsu é compreender que o que interessa é a percepção do adversário. Sendo assim, o meu kukan quando livre de emoções e movimentos, expande a possibilidade de vazio que pode ser reconhecido pela percepção do adversário como possibilidade de ação. Ao mesmo tempo, a partir do momento que crio essas "armadilhas" dentro do meu kukan, minha intenção pode penetrar no kukan do adversário e com isso o kyojitsu pode fluir dentro de um cenário permitido por mim e aceito por meu adversário.
Ainda assim, permitir o kyojitsu não é a única necessidade. É importante gerar essa "permissão" de forma gradativa, diminuindo a intensidade e duração do kyojitsu até que o adversário seja derrotado, por mim ou por si mesmo. Kyojitsu até que ele se canse de segurar uma espada, kyojitsu até que as balas do pente acabem, kyojitsu até que um ignorante encontre a falta de razão em seu argumento...
É como jogar uma bola para o alto; ela quica uma vez, depois outra e outra até que finalmente se estacione no solo. Entre uma quicada e outra existe um espaço repleto de força, uma força que não é de quem jogou a bola e nem da bola em si, mas uma força natural (shizenryoku).
Penso que devemos aplicar o kyojitsu dessa forma; um grande, um menor, um menor ainda e assim por diante até que chegue a zero.
E aqui pensando eu entendo que tudo isso é muito difícil, mas é muito simples. E por pensar assim, sabendo que somos "vítimas" de intensa "poluição" existencial, começo a pensar sobre a essência da coisa toda.
Se na construção da natureza existe mais vazio do que átomos, não seria correto dizer que existe vazio entre os átomos e sim que existem átomos no vazio. Do mesmo modo, não existe kyojitsu entre eu, minha técnica, meu adversário e sua técnica, nós é que estamos dentro do kyojitsu. Conclusão lógica: tudo é vazio, tudo é kyojitsu. E o que nos separa é simplesmente a percepção.
Eis um ponto de partida interessante, pois isso me remete a ideia da não-técnica e a transcendência do Eu em Zero.
Para concluir toda essa divagação sobre o tema, compreendo que em tudo existe vazio e que sou eu, pela minha percepção (as vezes necessária) que preencho esses vazios transformando-os em "espaços". Existe espaço entre eu e a parede mais próxima, assim como existe espaço entre eu e o monte Fuji. Mas daqui eu vejo a parede e para mim ela é uma realidade aceitável à minha percepção, já o monte Fuji só existe em essência para minha percepção e isso me impede de dizer que o monte Fuji não existe simplesmente por eu não ser capaz de vê-lo, ou no caso, de encontrá-lo em minha realidade.
Da mesma forma, dentro da técnica, minha percepção torna realidade meu adversário e isso domina minha atenção até o momento em que consigo me abdicar da necessidade de comprovação. Quando isso ocorre, minha percepção se torna genuína e meu kukan se torna o espaço vazio por onde o kyojitsu se torna possível.
Mas veja, existe espaço entre cada letra dessas linhas e seu cérebro não te obriga a ler letra por letra, ele lê o conjunto de letras e assimila as palavras. Do mesmo jeito, existe espaço entre o teclar o interruptor e o acender da lâmpada, mas esse espaço não é perceptível ao meu cérebro e por isso eu o desconsidero.
Então eu me pergunto; como aprender e entender o kyojitsu?
Primeiro devo buscar meu controle emocional, depois praticar o Fudoshin e por fim reconhecer a não-técnica como possibilidade de total-técnica. Aí eu chegarei a décima figura do diagrama e o kyojitsu será meu companheiro de treino. Mas algo me diz que isso só será possível quando eu conquistar a capacidade de ver além da superfície onde me apoio, além do muro que me bloqueia... É algo mais adiante.
Por fim kyojitsu.
Se você leu até aqui, pergunte-se com a honestidade que a privacidade lhe permite: o que eu fui capaz de interpretar? O que eu quis aceitar como conteúdo reforçando meus próprios pontos sobre o assunto?
Você foi levado a pensar em um assunto desde o título, passou por proposições e citações conectadas apenas por sua própria capacidade de compreender as palavras e os conceitos e talvez tenha feito juízos, considerações e apontamentos, e o que isso significa?
Sempre que você lê algo, o que você lê não é a ideia, mas o que foi exteriorizado da ideia. O que você lê não te insere nada, apenas te induz a raciocinar e produzir seus próprios pensamentos sobre o que está embutido na escolha de palavras de cada linha. O que determina o tipo de informação que você será capaz de absorver é o tipo de percepção que te acompanhava durante a leitura. Não é o que você lê que importa, nem a interpretação que você faz, mas o que acontece em você depois de ler e interpretar. É bem ali, dentro do aproveitável que resulta de tudo (ler e pensar) que está a verdadeira informação, o resto é kyojitsu.
Nós quase sempre deixamos de nos desenvolver por sermos dependentes de respostas prontas e confortáveis, ou por sermos cegos de presunção e ignorância. As vezes abraçamos tudo que nos toca e nos guiamos pelo o que nos faz sentido, ou rejeitamos tudo que nos é contrário e condenamos o que não somos capazes de absorver. Fazemos isso por puro desespero e ego. Dessa forma nós pulamos de cabeça em um poço de kyojitsu todos os dias.
Deixamos de aproveitar os reflexos da superfície por sermos pesados de mais de nós mesmos e afundamos com a ilusão de que é nossa escolha mergulhar.
Você vai ler isso e entender o que você quiser, não o que eu quis compartilhar com você. Da mesma forma, você vai ler Sun Tzu, Schopenhauer, Paulo Coelho... E vai entender o que decidir entender, se algo for bom para você, ótimo. Se nada te for útil, a culpa é do autor? Olha só o Fudoshin de novo.
Para entender kyojitsu é importante compreender o espaço vazio que preenche tudo.
Da forma mais profunda, primeiro na filosofia com Leucipo e Demócrito e mais tarde na física, a humanidade pode compreender que tudo que existe (a matéria) é feito de átomos e vazio. E mais, que dentro dos átomos o que mais existe é vazio. E é no vazio e graças ao vazio que tudo acontece. Nada é sólido e nada é estático, tudo está em constante movimento e transformação.
Então pense; se em um átomo (que é a menor fração capaz de identificar um elemento químico) existe mais vazio do que matéria, quanto de vazio existe entre um movimento e outro? E sabe o que reside nesse vazio entre movimentos? Kyojitsu.
Permitir o vazio é fundamental para se articular o kyojitsu. Dentro do seu kukan (espaço) o que não é você é vazio. Quanto menor a presença (intenção) maior o vazio (kyojitsu). Ou seja, quanto maior for sua capacidade de se neutralizar dentro de si mesmo, maiores serão as oportunidades de envolver o adversário em vazio e assim permitir que o kyojitsu ganhe vida.
Penso que o mais importante para fazer bom uso do kyojitsu é compreender que o que interessa é a percepção do adversário. Sendo assim, o meu kukan quando livre de emoções e movimentos, expande a possibilidade de vazio que pode ser reconhecido pela percepção do adversário como possibilidade de ação. Ao mesmo tempo, a partir do momento que crio essas "armadilhas" dentro do meu kukan, minha intenção pode penetrar no kukan do adversário e com isso o kyojitsu pode fluir dentro de um cenário permitido por mim e aceito por meu adversário.
Ainda assim, permitir o kyojitsu não é a única necessidade. É importante gerar essa "permissão" de forma gradativa, diminuindo a intensidade e duração do kyojitsu até que o adversário seja derrotado, por mim ou por si mesmo. Kyojitsu até que ele se canse de segurar uma espada, kyojitsu até que as balas do pente acabem, kyojitsu até que um ignorante encontre a falta de razão em seu argumento...
É como jogar uma bola para o alto; ela quica uma vez, depois outra e outra até que finalmente se estacione no solo. Entre uma quicada e outra existe um espaço repleto de força, uma força que não é de quem jogou a bola e nem da bola em si, mas uma força natural (shizenryoku).
Penso que devemos aplicar o kyojitsu dessa forma; um grande, um menor, um menor ainda e assim por diante até que chegue a zero.
E aqui pensando eu entendo que tudo isso é muito difícil, mas é muito simples. E por pensar assim, sabendo que somos "vítimas" de intensa "poluição" existencial, começo a pensar sobre a essência da coisa toda.
Se na construção da natureza existe mais vazio do que átomos, não seria correto dizer que existe vazio entre os átomos e sim que existem átomos no vazio. Do mesmo modo, não existe kyojitsu entre eu, minha técnica, meu adversário e sua técnica, nós é que estamos dentro do kyojitsu. Conclusão lógica: tudo é vazio, tudo é kyojitsu. E o que nos separa é simplesmente a percepção.
Eis um ponto de partida interessante, pois isso me remete a ideia da não-técnica e a transcendência do Eu em Zero.
Para concluir toda essa divagação sobre o tema, compreendo que em tudo existe vazio e que sou eu, pela minha percepção (as vezes necessária) que preencho esses vazios transformando-os em "espaços". Existe espaço entre eu e a parede mais próxima, assim como existe espaço entre eu e o monte Fuji. Mas daqui eu vejo a parede e para mim ela é uma realidade aceitável à minha percepção, já o monte Fuji só existe em essência para minha percepção e isso me impede de dizer que o monte Fuji não existe simplesmente por eu não ser capaz de vê-lo, ou no caso, de encontrá-lo em minha realidade.
Da mesma forma, dentro da técnica, minha percepção torna realidade meu adversário e isso domina minha atenção até o momento em que consigo me abdicar da necessidade de comprovação. Quando isso ocorre, minha percepção se torna genuína e meu kukan se torna o espaço vazio por onde o kyojitsu se torna possível.
Mas veja, existe espaço entre cada letra dessas linhas e seu cérebro não te obriga a ler letra por letra, ele lê o conjunto de letras e assimila as palavras. Do mesmo jeito, existe espaço entre o teclar o interruptor e o acender da lâmpada, mas esse espaço não é perceptível ao meu cérebro e por isso eu o desconsidero.
Então eu me pergunto; como aprender e entender o kyojitsu?
Primeiro devo buscar meu controle emocional, depois praticar o Fudoshin e por fim reconhecer a não-técnica como possibilidade de total-técnica. Aí eu chegarei a décima figura do diagrama e o kyojitsu será meu companheiro de treino. Mas algo me diz que isso só será possível quando eu conquistar a capacidade de ver além da superfície onde me apoio, além do muro que me bloqueia... É algo mais adiante.
Por fim kyojitsu.
Se você leu até aqui, pergunte-se com a honestidade que a privacidade lhe permite: o que eu fui capaz de interpretar? O que eu quis aceitar como conteúdo reforçando meus próprios pontos sobre o assunto?
Você foi levado a pensar em um assunto desde o título, passou por proposições e citações conectadas apenas por sua própria capacidade de compreender as palavras e os conceitos e talvez tenha feito juízos, considerações e apontamentos, e o que isso significa?
Sempre que você lê algo, o que você lê não é a ideia, mas o que foi exteriorizado da ideia. O que você lê não te insere nada, apenas te induz a raciocinar e produzir seus próprios pensamentos sobre o que está embutido na escolha de palavras de cada linha. O que determina o tipo de informação que você será capaz de absorver é o tipo de percepção que te acompanhava durante a leitura. Não é o que você lê que importa, nem a interpretação que você faz, mas o que acontece em você depois de ler e interpretar. É bem ali, dentro do aproveitável que resulta de tudo (ler e pensar) que está a verdadeira informação, o resto é kyojitsu.
Nós quase sempre deixamos de nos desenvolver por sermos dependentes de respostas prontas e confortáveis, ou por sermos cegos de presunção e ignorância. As vezes abraçamos tudo que nos toca e nos guiamos pelo o que nos faz sentido, ou rejeitamos tudo que nos é contrário e condenamos o que não somos capazes de absorver. Fazemos isso por puro desespero e ego. Dessa forma nós pulamos de cabeça em um poço de kyojitsu todos os dias.
Deixamos de aproveitar os reflexos da superfície por sermos pesados de mais de nós mesmos e afundamos com a ilusão de que é nossa escolha mergulhar.
Você vai ler isso e entender o que você quiser, não o que eu quis compartilhar com você. Da mesma forma, você vai ler Sun Tzu, Schopenhauer, Paulo Coelho... E vai entender o que decidir entender, se algo for bom para você, ótimo. Se nada te for útil, a culpa é do autor? Olha só o Fudoshin de novo.
Kyojitsu é subliminar; está lá, mas você só será capaz de ver quando não for mais tão dependente de realidades palpáveis, palavras significativas, interpretações ricas, movimentos definidos, reconhecimento do Eu, limitações do ego...
O kyojitsu é o que acontece enquanto você se ocupa com o que não importa.
Já pensou em quanto você já perdeu por ficar julgando a pessoa ao invés de ouvir o que ela diz? No quanto você já deixou de aprender sobre política por se encantar com o romance juvenil de um livro que traz na capa o nome dos amantes? No quanto você se encanta com o brilho sem perceber que os detalhes são feitos de sombras?
Tudo é kyojitsu até que você desperte a capacidade de ver além do óbvio que seu ego faz questão de ressaltar só para te deixar orgulhoso de ter entendido alguma coisa!
O kyojitsu é o que acontece enquanto você se ocupa com o que não importa.
Já pensou em quanto você já perdeu por ficar julgando a pessoa ao invés de ouvir o que ela diz? No quanto você já deixou de aprender sobre política por se encantar com o romance juvenil de um livro que traz na capa o nome dos amantes? No quanto você se encanta com o brilho sem perceber que os detalhes são feitos de sombras?
Tudo é kyojitsu até que você desperte a capacidade de ver além do óbvio que seu ego faz questão de ressaltar só para te deixar orgulhoso de ter entendido alguma coisa!
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